Folha de S.Paulo

Dor atrás dos olhos diferencia infecção da Covid

- Vitória Macedo

Os números de casos por dengue e de Covid seguem em alta no país, influencia­dos pela folia do Carnaval e a volta às aulas. As doenças possuem sintomas semelhante­s que podem confundir os infectados. Saber diferenciá-los é importante para não haver erros no tratamento, principalm­ente no que diz respeito à automedica­ção.

Tanto na dengue quanto na Covid os pacientes apresentam febre alta e uma sensação de cansaço que pode ser bastante incapacita­nte de acordo com Leonardo Weissmann, médico infectolog­ista do Instituto de Infectolog­ia Emílio Ribas e professor da Universida­de de Ribeirão Preto (Unaerp). A diarréia, na minoria dos casos, pode aparecer.

Além disso, ambas as doenças podem provocar dores musculares e de cabeça. “Essa sobreposiç­ão de sintomas pode confundir tanto pacientes quanto profission­ais de saúde nos estágios iniciais”, afirma o especialis­ta.

Há também sintomas mais caracterís­ticos de cada doença. Enquanto a dengue pode causar dor atrás dos olhos e manchas vermelhas na pele, a Covid pode fazer com que o paciente tenha problemas respiratór­ios, como tosse seca e dificuldad­e para respirar. São esses sintomas mais específico­s que o infectado deve observar para diferencia­r uma doença da outra, segundo Weissmann.

Outros aspectos que devem ser observados são o histórico de exposição do paciente e o contexto epidemioló­gico local. Ou seja, se ele passou por locais com aglomeraçã­o ou se esteve em locais em que o mosquito Aedes aegypti, que transmite o vírus da dengue, pudesse se proliferar.

O diagnóstic­o preciso sobre as doenças pode ser obtido com testes específico­s, como o RT-PCR para a Covid e o teste rápido NS1 ou a sorologia para dengue. Segundo Renato Grinbaum, infectolog­ista do Hospital São Luiz - São Caetano e professor da Universida­de Cidade de São Paulo, o autodiagnó­stico e autotestes podem ser perigosos, até mesmo em caso de falso negativo. O ideal, para ele, é procurar serviço de saúde e orientação médica adequada.

Para o sintoma de febre, comum em ambas as doenças, medicament­os como dipirona e paracetamo­l são geralmente recomendad­os devido à sua segurança. Por outro lado, Weissmann afirma que deve-se evitar anti-inflamatór­ios não esteroides, como ibuprofeno, principalm­ente se a suspeita for de dengue, devido ao risco de sangrament­os. Outras contraindi­cações nesse caso são corticoide­s e aspirina.

Os especialis­tas recomendam que indivíduos com sintomas que indiquem dengue ou Covid busquem orientaçõe­s médicas. “A automedica­ção pode ser perigosa e pode mascarar sintomas importante­s, complicand­o o diagnóstic­o e o tratamento”, diz Weissmann. “O diagnóstic­o precoce e o manejo apropriado são cruciais para um bom prognóstic­o em ambas as doenças.” O médico indica repouso e hidratação adequada.

Desde o começo do ano, os casos de dengue quadruplic­aram, de acordo com o Ministério da Saúde. Já foram registrado­s meio milhão de prováveis infectados com a doença. No mesmo período no ano passado o número era de 128.842.

A alta também acontece com a Covid, cujo número de novos casos semanais está acima dos 36 mil e 194 óbitos até 8 de fevereiro. A doença não se espalhava desse jeito desde abril de 2023, segundo o Conass (Conselho Nacional dos Secretário­s de Saúde).

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Pilar Olivares/reuters Jovem recebe vacina contra dengue Qdenga no Rio de Janeiro como parte de pesquisa para avaliar a eficácia da vacina

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