Folha de S.Paulo

Conceição Evaristo é eleita imortal em Minas

Escritora entra para a Academia Mineira de Letras seis anos após perder cadeira na ABL para o cineasta Cacá Diegues

- Leonardo Augusto

A romancista Conceição Evaristo, de 77 anos, foi eleita nesta quintafeir­a membro da Academia Mineira de Letras, na cadeira número 40, já ocupada por Afonso Pena Júnior e por Maria José de Queiroz, morta em novembro do ano passado.

Evaristo recebeu 30 votos, dos 34 possíveis, em disputa que envolveu outros cinco candidatos à vaga. A cadeira da escritora tem como seu patrono o Visconde de Caeté.

Em 2018, Evaristo se candidatou a uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, mas recebeu apenas um voto, perdendo a competição para o cineasta Cacá Diegues.

“A chegada de Conceição Evaristo à Academia Mineira de Letras —a par do reconhecim­ento de sua trajetória como professora, romancista e poeta, com justiça celebrada no Brasil e no exterior— tem também o sentido de impregnar esta casa com suas qualidades e história de vida”, afirmou, em nota, o presidente da Academia Mineira de Letras, Jacyntho Lins Brandão.

Ficcionist­a e ensaísta, a escritora teve sua primeira publicação literária lançada em 1990 na série Cadernos Negros, coordenada pelo coletivo paulista de escritores afrobrasil­eiros Quilombhoj­e.

Suas primeiras obras individuai­s, “Ponciá Vicêncio”, de 2003, e “Becos da Memória”, de 2006, foram publicadas pela Mazza Edições; sendo seguidas por “Poemas da Recordação e Outros Movimentos”, de 2008, e “Insubmissa­s Lágrimas de Mulheres”, de 2011, ambas publicadas pela editora Nandyala. As duas são casas mineiras, com sede na capital, Belo Horizonte.

A autora Maria da Conceição Evaristo nasceu na favela do Pindura Saia, na região centro-sul da capital mineira, no dia 29 de novembro de 1946.

Suas obras mais recentes são “Canção para Ninar Menino Grande”, pela editora Pallas, e “Macabéa: Flor de Mulungu”, pela Oficina Raquel.

Sua produção, que envolve poemas, contos, romances e ensaios, em grande parte está traduzida para línguas como inglês, francês, árabe, espanhol, eslovaco e italiano.

Em 2015, a escritora recebeu o Prêmio Jabuti na categoria contos e crônicas pelo livro “Olhos d’água”. Há cinco anos, ela foi a grande homenagead­a do Jabuti como personalid­ade literária. Em 2023, foi agraciada com o Prêmio Juca Pato como intelectua­l do ano e laureada com o prêmio Elo no Festival Internacio­nal das Artes de Língua Portuguesa.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil