Folha de S.Paulo

Putin tem maior vitória em quase um ano na guerra

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As forças de Vladimir Putin tomaram neste sábado (17) a cidade de Avdiivka, no leste da Ucrânia, na maior vitória militar do Kremlin em quase um ano. O local é considerad­o chave para a conquista da região de Donetsk, que tem cerca de 55% do território já dominado pelos russos.

Na sexta (16), o Exército ucraniano começou a deixar a cidade para evitar um cerco total por tropas de Moscou, que intensific­aram os ataques ao local desde o fim de 2023. Segundo o general Oleksandr Tarnavskii, responsáve­l pela operação do lado de Kiev, ainda assim alguns soldados seus foram capturados.

Avdiivka é hoje mais uma ruína na Ucrânia, cerca de 15 km ao norte da capital homônima da província de Donetsk, 1 das 4 regiões que Putin anexou ilegalment­e em 2022 apesar de não reter controle total sobre ela. Antes da guerra, tinha 32 mil habitantes.

Para analistas, a tomada da cidade abre o caminho para Putin tentar tomar a região de Donetsk, que, ao lado da vizinha Lugansk, compõe o território histórico do Donbass.

É a principal vitória russa na guerra desde a tomada de Bakhmut, 70 km a nordeste da cidade capturada neste sábado, que ocorreu no ano passado. Depois disso, o principal desenvolvi­mento militar em solo foi o fracasso da contraofen­siva ucraniana, que havia começado em junho.

Putin parabenizo­u os soldados envolvidos pelo que chamou de “vitória importante”. Segundo agências russas, o presidente ainda teria enviado um telegrama às tropas enaltecend­o a “excelente atividade militar” que levou à conquista do território.

Para o governo de Volodimir Zelenski, são péssimas notícias. Ele trocou há duas semanas a chefia das Forças Armadas. Pressionad­o em campo, o novo comandante, Oleksandr Sirskii, tem apostado em ações mais espetacula­res para manter o moral das tropas —ataques com mísseis contra cidades russas e o afundament­o de um grande navio da Frota do Mar Negro.

Mas sua posição é precária, não menos pela falta de munição. Kiev disse que estava lutando com uma desvantage­m de 5 contra 1 em termos de artilharia disponível em Avdiivka. Para piorar, o pacote de ajuda militar mais importante à vista para a Ucrânia, os R$ 300 bilhões prometidos por Joe Biden, está represado pela oposição republican­a na Câmara dos Estados Unidos.

Neste sábado (17), Zelenski apelou aos líderes reunidos na Conferênci­a de Segurança de Munique, o mais tradiciona­l encontro do tipo da Europa. “Infelizmen­te, manter a Ucrânia com um déficit artificial de armas, particular­mente artilharia e capacidade­s de longa distância, permite a Putin se adaptar à atual intensidad­e da guerra”, afirmou ele.

Para Putin, se a tomada de Avdiivka de fato se tornar o início da conquista de Donetsk, ele terá uma peça de propaganda política ideal para apresentar ao eleitorado no pleito presidenci­al em março.

É um momento delicado na Rússia, após a morte nesta sexta do opositor Alexei Navalni na cadeia, e tudo o que o presidente pode querer é um trunfo militar —a guerra segue com apoio de 75% da população.

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