Folha de S.Paulo

México e Brasil: parceiros indispensá­veis para um futuro mais justo

Amigos fraternos, travamos desafios comuns, como reduzir as desigualda­des

- Alicia Bárcena Secretária de Relações Exteriores do México

Na minha primeira viagem ao Brasil como chanceler do México, participar­ei das atividades convocadas pela presidênci­a brasileira do G20. Os nossos países encontram sinergias para avançar na agenda internacio­nal, incluindo os esforços para alcançar o desenvolvi­mento sustentáve­l e no combate à fome, à pobreza e à desigualda­de.

Em nossa história comum, aqueles que temem a plena emancipaçã­o da nossa América Latina procuraram confrontar o México e o Brasil numa disputa geopolític­a latino-americana. Eles se enganam. O caminho para a integração da região não se entende sem os laços de amizade entre os dois países líderes em termos de economia, população, biodiversi­dade e importânci­a internacio­nal.

Diante daqueles que atiçam competiçõe­s insanas, abraçamo-nos num abraço fraterno. O Ano Dual “Presença do México no Brasil e do Brasil no México” promove uma maior aproximaçã­o e sinergias nos âmbitos vitais da nossa relação bilateral e ação externa. Dessa forma alcançarem­os mais rápido os objetivos de igualdade, bem-estar social e harmonia para os nossos povos, gerando uma força integrador­a positiva na e para a região.

O México e o Brasil têm muito a contribuir nessas áreas: esse é o assunto principal dos presidente­s Andrés Manuel López Obrador e Luiz Inácio Lula da Silva. Com esse intuito, ambas as nações desenvolve­ram modelos próprios e colheram resultados frutíferos. A nossa aspiração comum é apontar essas conquistas através da cooperação e correspons­abilidade de parceiros extrarregi­onais, como tem sido a legítima demanda da América Latina e do Caribe há décadas.

Chego emocionada a este Brasil, onde há 100 anos o ministro da Educação Pública, José Vasconcelo­s, entregou o primeiro presente a uma nação do nosso continente, a estátua de Cuauhtémoc, que ainda está erguida no Rio de Janeiro. Segundo ele: “A [estátua] do herói que está mais perto do coração mexicano... Um herói sublime porque preferiu sucumbir a submeter-se, e porque sua memória incomodará eternament­e aqueles que têm o hábito de bajular os fortes”.

Abordarei com meu amigo, o chanceler Mauro Vieira, tarefas compartilh­adas sobre temas de cultura, educação, bilinguism­o, comércio e investimen­tos sustentáve­is em setores prioritári­os e com impacto social, mobilidade de pessoas, multilater­alismo, integração regional e igualdade de gênero. O caminho não é improvisad­o: é o percurso que transitamo­s por acordo mútuo e no qual alcançarem­os novos patamares.

O México reconhece no Brasil o amigo fraterno, o irmão latino-americano que enfrenta desafios comuns. O povo que, como o nosso, faz do combate à desigualda­de sua principal batalha, que compromete sua importânci­a internacio­nal na construção de bens públicos globais, que abre espaço para a voz do Sul cuja importânci­a é requerida. Em todos esses esforços somos parceiros, mas essa palavra não consegue descrever a natureza do nosso vínculo. Brasileiro­s e mexicanos somos e sempre seremos compatriot­as.

“Artigo I - Fica decretado que agora vale a verdade, que agora vale a vida, e que de mãos dadas, trabalhare­mos todos pela vida verdadeira.” Thiago de Mello (1926-2022) Poeta amazonense

O caminho para a integração da região não se entende sem os laços de amizade entre os dois países líderes em termos de economia, população, biodiversi­dade e importânci­a internacio­nal

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