MINHA CASA, MINHA VIDA AQUECE MERCADO IMOBILIÁRIO
Em 2023, 70% dos imóveis residenciais comercializados no país entre janeiro e outubro faziam parte do programa
Com a revisão das regras e taxas de juros mais competitivas frente a outras do mercado, o MCMV propicia que mais brasileiros passem a se enquadrar no programa, viabilizando grandes oportunidades para o setor imobiliário THIAGO ELY, DIRETOR-EXECUTIVO COMERCIAL DA MRV&C
OMinha Casa, Minha Vida (MCMV), programa de habitação do Governo Federal, foi o grande motor do mercado imobiliário em 2023. Segundo dados do levantamento do Abrainc-fipe, indicador da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias, 70,3% dos imóveis residenciais comercializados no país entre janeiro e outubro do ano passado faziam parte do programa.
No período em questão, foram vendidos 89.126 unidades residenciais pelo Minha Casa, Minha Vida, criado em 2009 com o objetivo de oferecer subsídios e taxas de juros abaixo do mercado.
O MCMV foi renovado em julho do ano passado, e o valor teto para os financiamentos foi aumentado, o que atraiu mais pessoas de classe média.
Antes, entravam no programa imóveis de até R$ 264 mil. Desde então, o teto passou para R$ 350 mil. Com isso, muitos projetos passaram a incluir equipamentos para a prática de esportes, bem como espaço para biblioteca e varandas.
As mudanças incluem ainda reduções nos juros, que variam de acordo com a renda e a região de moradia de cada família. As menores taxas ficam entre 4% e 8,16% anuais, e os cotistas do FGTS têm direito às mais vantajosas. O prazo máximo de financiamento é de 35 anos.
Foram também incorporadas ao programa a possibilidade de aquisição de moradia urbana usada e a modalidade da locação social – tipo de aluguel subsidiado a preços acessíveis.
As áreas mínimas das unidades financiadas, por sua vez, foram estabelecidas em 40 m² para casas e 41,5 m² para apartamentos.
AMBIÇÃO
A meta é a construção de dois milhões de habitações dentro do programa até 2026. Esse volume daria conta de um terço do déficit habitacional do país, calculado em 5,9 milhões de domicílios em 2019.
O passivo a ser enfrentado por iniciativas como a do MCMV, porém, vai além desse número. Há no Brasil 24,8 milhões de moradias com algum tipo de inadequação, e mais de 5,1 milhões de domicílios localizados em favelas, segundo dados de 2019 do IBGE. Estudo preliminar do Ipea de 2022 aponta ainda que existem mais de 281 mil pessoas em situação de rua no país.