Folha de S.Paulo

Frase de ex-presidente sobre minuta ‘parece uma confissão’, afirma Gilmar

- São paulo | uol

O ministro do STF Gilmar Mendes disse nesta quarta (28) que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pareceu fazer uma confissão ao citar a minuta golpista em discurso no último domingo (25).

“Parece [que foi uma confissão], que todos sabiam”, disse o ministro em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.

Gilmar afirmou, ainda, que a manifestaç­ão “não muda uma linha” em relação a apuração ou entendimen­to do STF.

“Entendo que o [ex-]presidente saiu de uma situação de possível autor intelectua­l para uma situação de potencial autor material de todo esse quadro, é isso que a investigaç­ão trouxe.”

O ministro também disse que o pedido de anistia aos envolvidos no 8 de janeiro de 2023 “não tem cabimento”.

Em entrevista publicada terça (27) na revista Carta Capital, ele disse que os atos foram muito graves e que alguns julgamento­s estão muito avançados para que a sugestão seja pertinente.

O discurso de Bolsonaro provocou críticas de governista­s e reforçou a linha de investigaç­ão de que houve trama para tentativa de golpe, na avaliação de membros da PF.

Na fala, ele se defendeu da acusação, mas indicou saber da existência de minutas de texto que buscavam anular a eleição de Lula (PT).

“O que é golpe? É tanque na rua, é arma, conspiraçã­o. Nada disso foi feito no Brasil”, disse. “Agora o golpe é porque tem uma minuta do decreto de estado de defesa. Golpe usando a Constituiç­ão? Tenha paciência”, disse.

Para investigad­ores, é possível deduzir das declaraçõe­s que ele sabia das minutas e das tratativas para tentar impedir a posse de Lula.

Advogado de Bolsonaro, Paulo Cunha Bueno disse na terça que a interpreta­ção da PF aponta apenas a fragilidad­e da investigaç­ão.

“Se as autoridade­s policiais veem nisso uma forma de confissão, a defesa entende que o que se assiste é realmente a uma pobreza muito grande de elementos nessa investigaç­ão semi-secreta, a qual a defesa não tem acesso. E, ao que parece, não tem acesso justamente pela fraqueza dos elementos.”

Segundo o advogado, a citada minuta de texto que buscava anular a eleição se referia a um texto recebido por Bolsonaro em 2023. Portanto, depois que deixou o governo.

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