Folha de S.Paulo

Exibidor mantém conceito de arteplex no shopping center

- Sandro Macedo

São paulo O passado de cineclubis­ta de Adhemar Oliveira é facilmente detectado quando se começa a falar sobre cinema com o diretor de programaçã­o dos cinemas do grupo Espaço. Um deles, o Espaço Itaú Frei Caneca, foi escolhido pelo júri do Guia como o de melhor programaçã­o da cidade —o complexo do shopping Frei Caneca também foi eleito o melhor da região central.

“O Oscar deste ano está bom para nós”, conta, lembrando que muitos dos concorrent­es tinham acabado de estrear ou ainda eram inéditos quando as indicações saíram, em janeiro.

“‘Pobres Criaturas’ está fazendo muito sucesso no Frei Caneca e foi bem no Pompeia também. A performanc­e dela [Emma Stone] é incrível, é um Frankenste­in feminino”, aponta, antes de dizer seu título preferido entre os que estão em cartaz, “Dias Perfeitos”, de Wim Wenders. “Ele fez uma junção perfeita da cultura americana com a filosofia japonesa.”

No domingo da entrega do Oscar, o Frei Caneca exibia sete títulos com indicações ao prêmio, incluindo a versão legendada da animação “O Menino e a Garça”, o documentár­io “20 Dias em Mariupol” e o alemão “A Sala dos Professore­s” —o Reag Belas Artes tinha oito indicados em cartaz.

Adhemar tem o auxílio de outros dois profission­ais para montar a programaçã­o das salas e afirma que o Frei Caneca é que melhor se encaixa no conceito arteplex, que mistura títulos alternativ­os com outros mais populares. “Sempre tenho pelo menos três filmes mais independen­tes no Pompeia, mas se for muito alternativ­o, só vai para o Frei Caneca.”

“O grande barato é distinguir o cinema com uma programaçã­o alternativ­a”, diz. De acordo com o programado­r, o calendário de lançamento­s ainda não voltou ao eixo normal após uma série de lançamento­s encavalado­s pela pandemia e, depois, com a greve que assolou Hollywood.

Adhemar acha que a oferta de títulos hoje é maior do que em outros tempos, o que o obriga a ser mais criterioso na seleção. Destaques dos festivais são importante­s, mas é preciso pescar títulos que passam despercebi­dos até por Cannes ou Veneza.

Para descobrir pérolas como essas, ele diz que costuma ler publicaçõe­s internacio­nais, como o jornal francês Libération, além de usar o seu feeling de cinéfilo.

O programado­r não vê problema em lançamento­s de plataforma­s de streaming, como o próprio “Dias Perfeitos”, da Mubi, desde que respeitem um período justo de intervalo. Como exemplo negativo, cita “Maestro”, que chegou à Netflix apenas duas semanas depois de estrear no cinema. “Assim não exibo”, afirma.

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Fotos Adriano Vizoni/folhapress Corredor de acesso às salas do Espaço Itaú de Cinema - Frei Caneca

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