Vacinas começam a vencer em abril e pressionam pasta
Os lotes da vacina da dengue distribuídos pelo Ministério da Saúde começam a vencer a partir do dia 30 de abril. A informação foi dada pela secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, durante entrevista a jornalistas nesta quarta-feira (20). Mais lotes expiram em maio e junho.
Os imunizantes com vencimento mais próximo fazem parte dos fornecidos sem custo ao Ministério da Saúde pela Takeda, fabricante da vacina Qdenga, que totalizam 1,3 milhão de doses. O ministério não informou quantos lotes estão próximos do vencimento até a publicação desta reportagem.
A farmacêutica diz que a validade próxima se deve ao fato de que a vacina é produzida na Alemanha e a importação e trâmites de desembaraços duram cerca de três a quatro meses. Em nota, a Takeda informou que nesse caso, em especial, as doses foram entregues com prazo de validade inferior.
O vencimento próximo associado à baixa procura pelo imunizante pressiona o ministério a criar estratégias para que as vacinas não sejam perdidas.
Segundo a pasta, até a terça-feira (19), apenas 451.412 dos imunizantes haviam sido aplicados, o que corresponde a 14,5% do público-alvo — crianças e adolescentes de 10 a 14 anos dos 521 municípios escolhidos para a administração das doses na primeira etapa da companha de vacinação.
Pressionada pelo rápido crescimento da epidemia e questionada por prefeitos pelo ritmo na liberação de recursos para ações de erradicação do mosquito, a pasta tem divulgado dados inconsistentes sobre a letalidade da dengue em 2024, além de inflar anúncio de repasses a estados e municípios contra emergências sanitárias.
O ministério diz que a letalidade da doença neste ano é menor do que em 2023, mas usa informações que ainda não estão consolidadas para a comparação, o que para especialistas seria um erro, tendo em vista que mais da metade dos óbitos estão em investigação.
O Brasil ultrapassa os 2 milhões de casos prováveis de dengue e chega a 682 mortos pela doença neste ano, segundo dados do painel de arboviroses, nesta quinta-feira (21).
Na entrevista coletiva, a secretária Ethel Maciel admitiu ainda uma demora na confirmação de óbitos por dengue durante a atualização do cenário epidemiológico da dengue no país.
Segundo ela, a diferença de informações se dá pelo tempo de atualização das investigações dos casos suspeitos, tendo em vista que alguns óbitos, inicialmente taxados como decorrentes da dengue, são posteriormente desconsiderados após análises laboratoriais.
“Toda pessoa que morre cujo atestado indica dengue, chikungunya, ou oropouche, há uma investigação dos casos para analisar se os dados são consistentes. Muitas vezes, as pessoas têm sintomas que são compatíveis com a doença, mas não tem exame. Alguns exames são feitos após a morte, então há esse tempo para fechar a investigação”.