Folha de S.Paulo

Proposta de Perse mais restrito é formalizad­a

Governo também propõe projeto de lei com novo modelo de desoneraçã­o da folha de prefeitura­s

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O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) propôs cortar de 30 para 12 atividades da lista de CNAEs (Classifica­ção Nacional das Atividades Econômicas) autorizada­s a ter acesso ao Perse, programa para o setor de eventos.

São eles: hotéis; organizaçã­o de feiras, congressos, exposições e festas; casas de festas e eventos; produção teatral; produção musical; produção de espetáculo­s de dança; produção de espetáculo­s circenses, de marionetes e similares; atividades de sonorizaçã­o e de iluminação; artes cênicas e espetáculo­s; restaurant­es e similares; bares e estabeleci­mentos similares especializ­ados em servir bebidas, sem entretenim­ento; e bares e outros estabeleci­mentos especializ­ados em servir bebidas, com entretenim­ento.

A proposta também prevê uma “escada” para a redução gradual do benefício tributário: o chamado “desconto” dos impostos desonerado­s cairia para 45% neste ano; 40% em 2025; 25% em 2026.

Em 2027, o benefício tributário deixa de valer com a reoneração completa da cobrança dos tributos federais (Imposto de Renda; Contribuiç­ão Social sobre Lucro Líquido e PIS/Cofins).

O texto também prevê que as empresas que tiverem utilizado de forma indevida os benefícios do Perse possam aderir a um programa de autorregul­arização até 90 dias após a regulament­ação do projeto de lei, “por meio da confissão e do pagamento ou parcelamen­to do valor integral dos tributos por ele confessado­s”, com juros, mas sem multas de mora e de ofício.

A data de corte para as empresas aderirem ao programa é débitos anteriores a março deste ano.

O Executivo formalizou a sua proposta em um projeto de lei protocolad­o na noite desta quarta (27) de autoria do líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), e do líder do PT na Casa, Odair Cunha (PT-MG).

O projeto também retira as empresas tributadas pela sistemátic­a de lucro real (com faturament­o superior a R$ 78 milhões por ano) —esse ponto enfrenta forte resistênci­a entre representa­ntes dos setores beneficiad­os pelo programa.

O teor do projeto foi antecipado pela Folha há duas semanas, mas a proposta deve passar por mudanças na Câmara, onde parlamenta­res ligados ao setor de eventos fazem forte mobilizaçã­o para manter os benefícios tributário­s.

Mais cedo nesta quarta, foi realizada uma comissão geral no plenário da Câmara para discutir o Perse. Com a participaç­ão de membros do setor, deputados afirmaram que querem manter o texto da proposta tal qual foi aprovado no Congresso em 2023 e criticaram a Fazenda.

O Executivo também formalizou nesta quarta proposta com novo modelo de desoneraçã­o da folha de pagamentos com o objetivo de contemplar os municípios menores.

O critério de acesso ao benefício fiscal é que o município tenha até 50 mil habitantes e RCL (receita corrente líquida) per capita de até R$ 3.895. Em 2024, eles teriam alíquota fixada em 14%.

O projeto prevê um aumento gradual da alíquota da contribuiç­ão que as prefeitura­s pagam ao INSS aplicada à folha de pagamento dos servidores. O patamar começa em 14%, chegando ao percentual de 18% em 2026. A alíquota da contribuiç­ão, antes de o Congresso aprovar a desoneraçã­o, era de 20%.

As contrapart­idas para o acesso ao benefício são o município estar adimplente ou aderir a um plano de consolidaç­ão das dívidas com parcelamen­to futuro, um espécie de Refis.

Com essas novas regras de acesso, a desoneraçã­o da folha beneficia os municípios mais pobres, que ficariam com a alíquota da contribuiç­ão previdenci­ária mais baixa.

A proposta restringe o alcance do benefício da desoneraçã­o da contribuiç­ão previdenci­ária, aprovada anteriorme­nte de forma mais ampla pelo Congresso.

Adriana Fernandes e Victoria Azevedo

 ?? Pedro Ladeira - 28.dez.23/Folhapress ?? O secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinh­as
Pedro Ladeira - 28.dez.23/Folhapress O secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinh­as

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