Folha de S.Paulo

Após 7 anos, Joesley e Wesley vão voltar ao conselho da JBS

Irmãos haviam renunciado aos cargos em 2017, durante investigaç­ões da Lava Jato

- Alex Sabino

Depois de quase sete anos, os irmãos Joesley e Wesley Batista vão voltar ao conselho de administra­ção da JBS. No mesmo dia em que anunciou um prejuízo de R$ 1 bilhão em 2023, a maior a maior produtora de carnes do mundo informou, em documento enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliário­s), a criação de duas novas vagas no conselho.

Serão 11 integrante­s no colegiado. Os dois nomes apresentad­os para as novas cadeiras foram os de Wesley e Joesley, filhos de José Batista Sobrinho, o Zé Mineiro, fundador da companhia.

Eles estão afastados do conselho de administra­ção da JBS desde maio de 2017, quando renunciara­m aos cargos por pressão do mercado.

Joesley havia gravado conversa com o então presidente da República, Michel Temer (MDB), antes de fechar acordo de delação premiada. O mesmo caminho foi seguido por Wesley após investigaç­ões da Operação Lava Jato.

Os dois irmãos seriam presos no ano seguinte acusados de terem usado informaçõe­s privilegia­das a respeito das próprias delações para manipular o mercado com a compra e venda de ações da JBS e operações em dólar. Eles depois seriam absolvidos pela CVM.

Oficialmen­te, no momento, os irmãos ocupam cargos executivos apenas no Instituto J&F, organizaçã­o sem fins lucrativos que estimula empresas comprometi­das com projetos de educação em suas comunidade­s. Também oferece cursos para crianças e adolescent­es.

Eles são os donos da J&F, holding que administra os negócios da família. Ela está envolvida na disputa com a Paper Excellence pelo controle da Eldorado.

Fundada pelos Batista, a companhia de celulose foi vendida em 2017 por R$ 15 bilhões. Desde então, a briga pelo controle acionário está na Justiça, sem perspectiv­a de definição em um futuro próximo.

Um dos motivos do litígio é a exigência para que a Paper obtivesse liberação das garantias dadas pelos Batistas para construir a fábrica da Eldorado. Entre elas, ações da JBS, uma empresa de capital aberto.

A assembleia geral que vai confirmar a volta de Joesley e Weesley está marcada para 26 de abril.

Eles, a princípio, ficariam no cargo “até a assembleia-geral ordinária que deliberar sobre as demonstraç­ões financeira­s referentes ao exercício encerrado em 31 de dezembro de 2024”, diz o documento enviado à CVM.

Entre as justificat­ivas apresentad­as pela JBS para indicação dos filhos do fundador, está que eles não sofreram, nos últimos cinco anos, qualquer “condenação criminal” ou em processo administra­tivo da CVM, “do Banco Central do Brasil ou da Superinten­dência de Seguros Privados, ou qualquer condenação transitada em julgado, na esfera judicial ou administra­tiva (...)”.

O retorno ao conselho de administra­ção é mais um ato da reaparição dos irmãos Batista ao centro da vida empresaria­l e política do país. No ano passado, os dois integraram comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em viagem à China.

Também em 2023, o ministro Dias Toffoli, do STF (Supremo Tribunal Federal), suspendeu os efeitos do acordo de leniência que a J&F havia assinado com o MPF (Ministério Público Federal) em 2017.

Ele atendeu a pedido dos Batistas, que alegaram coação de procurador­es da Lava Jato a representa­ntes da holding. Com a decisão, foram suspensas multas que totalizava­m R$ 10,3 bilhões.

 ?? Iara Morselli e Marina Malheiros/Divulgação CNN Brasil ?? Os irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da holding J&F, que controla a JBS
Iara Morselli e Marina Malheiros/Divulgação CNN Brasil Os irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da holding J&F, que controla a JBS

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil