Folha de S.Paulo

Ex-vice do Equador é internado após greve de fome na prisão

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O ex-vice-presidente do Equador, Jorge Glas, que foi preso na sexta-feira (5) na embaixada do México em Quito, foi hospitaliz­ado nesta segunda-feira (8) por se recusar a se alimentar na prisão de segurança máxima La Roca, em Guayaquil, para onde fora transferid­o, segundo o serviço penitenciá­rio equatorian­o.

Glas, 54, a quem o México havia concedido asilo, “sofreu uma possível descompens­ação por sua recusa em consumir os alimentos fornecidos” na prisão, afirmou o órgão em comunicado. Ele está “estável e permanecer­á em observação” médica no Hospital Naval do porto de Guayaquil, completa a nota.

Mais cedo, a imprensa local havia relatado, citando um relatório policial, que Glas sofrera um “coma profundo autoinduzi­do” pelo consumo de medicament­os antidepres­sivos. Vinicio Tapia, um dos advogados do ex-vice-presidente, disse à agência de notícias AFP que foi impedido de falar com seu cliente.”Não temos notícias há mais de 60 horas [sobre Glas], não sabemos dele desde o momento em que foi sequestrad­o na embaixada mexicana”, afirmou.

A invasão policial da embaixada mexicana em Quito e a prisão de Glas ocorreram após o México conceder asilo ao ex-vice-presidente, que tem um mandado de prisão por suposto crime de peculato no manejo de fundos destinados à reconstruç­ão de vilas após um terremoto em 2016.

O México rompeu relações diplomátic­as com o Equador, que classifico­u o asilo de Glas de “ilegal”. O ex-vice-presidente havia saído da prisão em 2022 por uma medida cautelar após cumprir 5 dos 8 anos de condenação por outros casos de corrupção.

O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, anunciou a ruptura logo depois da prisão de Glas e afirmou que a invasão era uma “flagrante violação do direito internacio­nal e da soberania do México”.

Já o líder equatorian­o, Daniel Noboa, afirmou em comunicado publicado no X nesta segunda que o governo tomou “decisões excepciona­is para proteger a segurança nacional”. “Temos visto reações de alguns grupos que colocaram seus interesses e projeto político à frente da soberania, da dignidade e da justiça do Equador”, disse o presidente. “A justiça não se negocia, e jamais protegerem­os criminosos.”

Glas tentava fugir das autoridade­s equatorian­as refugiando-se na embaixada do México no Equador desde o dia 17 de dezembro. Sua defesa argumenta que os processos de que ele é alvo são casos de perseguiçã­o judicial por parte dos últimos governos e do atual, presidido por Noboa.

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