Folha de S.Paulo

México aciona Haia contra Equador após invasão de embaixada

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O México apresentou nesta quinta-feira (11) uma denúncia contra o Equador perante a Corte Internacio­nal de Justiça (CIJ) em Haia pela invasão da embaixada mexicana em Quito na última sexta-feira (5), informou sua chancelari­a. O país solicita a suspensão da nação sul-americana das Nações Unidas até que seja emitido um pedido público de desculpas.

Segundo a ministra das Relações Exteriores mexicana, Alicia Bárcena, o México quer que o Equador “reconheça as violações dos princípios e normas fundamenta­is do direito internacio­nal, com o objetivo de garantira reparação do dano moral infligido ao Estado mexicano e aos seus cidadãos”.

O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, pediu que o incidente não se repita em nenhum país do mundo. “Que o direito internacio­nal seja garantido, que as instalaçõe­s, as embaixadas dos países de qualquer nação não sejam violadas”, disse em entrevista coletiva nesta quinta.

Agentes encapuzado­s a bordo de carros blindados entraram na embaixada mexicana em Quito, local protegido pelo direito internacio­nal, para retirar o ex-vice-presidente Jorge G las. Ele estava abrigado na sede da representa­ção diplomátic­a desde dezembro, com um mandado de prisão pendente contra si devido a condenaçõe­s por corrupção.

Como resultado, o governo mexicano rompeu relações com o Equador e anunciou o processo em Haia. “Com muito orgulho, apresentam­os uma denúncia perante a Corte Internacio­nal de Justiça. Não há dúvida de que o Equador infringiu a Convenção de Viena sobre relações diplomátic­as ao violara imunidade da embaixada ”, disse Alejandro Celorio, consultor jurídico do Ministério das Relações Exteriores, ao lado de Bárcena.

A ação foi criticada por vários países, inclusive o Brasil. A Convenção de Viena, assinada pelo Equador em 1961, determina que Estados signatário­s devem tomar todas as medidas para proteger amissão diplomátic­a de outras nações em seu território e que seus prédios e propriedad­es são imunes abuscas e apreensões.

A OEA (Organizaçã­o dos Estados Americanos) condenou “energicame­nte” a invasão da embaixada do México em Quito. Reunidos na sede da organizaçã­o em Washington, na quarta (10), representa­ntes de todos os países do continente votaram a favor da resolução, com exceção do Equador, que votou contra, e El Salvador, que se absteve.

Nesta sexta (11), a Comunidade dos Estados da América Latina e do Caribe (Celac) realizará uma reunião para discutir o episódio. É provável que o bloco também aprove um documento de repreensão a Quito.

A tensão começou quando o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, afirmou que o assassinat­o do candidato Fernando Villavicen­cio nas eleições do Equador, em 2023, havia aberto o caminho para a vitória de Daniel Noboa. O presidente equatorian­o, então, expulsou a embaixador­a do México, que respondeu com o asilo a Glas.

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