Em recuperação judicial, Light assina acordo com credores
SÃO PAULO Em recuperação judicial, a Light Holding, que faz parte do Grupo Light, fechou acordo nesta quinta (11) com os bancos credores e debenturistas para acertar as condições de pagamento de suas dívidas bilionárias, disseram à Folha pessoas a par das negociações.
Os termos serão submetidos à assembleia de credores da Light que ocorrerá no dia 25.
No acerto com os bancos, estão Bradesco, Itaú, Santander e Citi, que detêm juntos R$ 800 milhões em dívidas da geradora de energia da Light. O valor representa 44% do total dos débitos da companhia.
Mas uma pessoa envolvida nas negociações disse que o acordo com os debenturistas é ainda mais importante do que o com os bancos credores porque eles têm força de aprovar, sozinhos, o plano.
Em 2023, a Light chegou a acionar a Justiça do Rio denunciando a “lastimável conduta” de agentes fiduciários, responsáveis por defender e assegurar os direitos dos debenturistas.
Em petição enviada à 3ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Estado do Rio, a Light alegou que os agentes fiduciários vinham adotando “postura agressiva e pouco colaborativa”, prejudicando as negociações dos debenturistas com a companhia de energia.
O acordo, portanto, encerrará meses de discussões e desentendimentos sobre o pagamento a essa classe de credores da companhia.
O acerto com os debenturistas diz respeito apenas à distribuidora Sesa, embora quem esteja em recuperação judicial seja a holding do grupo, não a distribuidora. Ocorre que a lei não dá a concessionárias de serviço público a possibilidade de pedir socorro à Justiça para equacionar dívidas.
Para driblar esse obstáculo, a Light formulou o pedido por meio de sua holding, que controla a distribuidora de eletricidade que abastece parte do estado do Rio de Janeiro e empresas de geração e comercialização de energia.
Dentro do acordo com os debenturistas está prevista uma capitalização de R$ 1,5 bilhão na Light.
A holding está em recuperação judicial desde 15 de maio de 2023, quando a Justiça do Rio aceitou o pedido da companhia e concedeu cautelar, uma espécie de liminar, para suspender os débitos financeiros que estavam em discussão.
No pedido, a companhia de energia alegou necessidade de buscar solução para dívidas de cerca de R$ 11 bilhões.
A Light atende 4,5 milhões de consumidores em mais de 30 municípios do Rio. No entanto, 20% de sua área de cobertura está em locais dominados por narcotráfico e controle armado de milícias e ela também está entre as que mais perdem receita com furtos.
Procurada, a Light não havia se manifestado até a publicação deste texto.