Folha de S.Paulo

Árbitro fez do futebol seu projeto de vida

MARCO ANTÔNIO MARTINS (1966 - 2024)

- Mauren Luc coluna.obituario@grupofolha.com.br

CURITIBA A vida de Marco Antônio Martins esteve sempre ligada ao futebol. Começou a carreira como ponta direita na Portuguesa do bairro Pantanal, em Florianópo­lis (SC), onde nasceu. Depois se graduou filosofia e direito, mas trocou os cursos pela carreira de árbitro, pela qual atuou em grandes jogos.

“Marquinho foi presidente do Sindicato dos Árbitros de Futebol do Estado de Santa Catarina (Sinafesc) e da Anaf (Associação Nacional dos Árbitros de Futebol). Entrou na FCF (Federação Catarinens­e) em junho de 2017 para comandar o recém-criado Departamen­to de Arbitragem. Foi eleito vice-presidente da entidade em 2018 e em 2022”, diz nota da CBF.

Ele exercia o cargo de vice-presidente da FCF, pela qual atuou como árbitro por 15 anos. Martins também ficou no quadro da CBF por 10 anos.

“Além de uma grande pessoa, foi um profission­al de alto nível. Estava fazendo um trabalho brilhante na nossa arbitragem, com organizaçã­o e evolução constante”, disse o atual presidente da federalçai, Rubens Angelotti.

O árbitro ocupava ainda o cargo de servidor técnicoadm­inistrativ­o em educação no Centro de Desportos da UFSC (Universida­de Federal de Santa Catarina).

A inspiração para a arbitragem veio do pai e do irmão mais velho, Manuel Martins, que recorda a infância difícil que tiveram na capital catarinens­e, com a morte prematura dos pais. “Ele deu o sangue para chegar onde chegou, e foi por mérito, por esforço próprio, com muito trabalho e perseveran­ça.”

Comprometi­do com as dificuldad­es alheias, Marco era sensível, humilde e muito ligado à família.

“Ajudou muita gente, quem ele gostava e até quem não gostava dele. Tinha um coração enorme”, lembra o amigo Sandro Rodrigues, da FCF.

O também amigo Cantucho João Setubal conta que Marco era um grande articulado­r dentro da federação catarinse, transitand­o por todos os departamen­tos, com grande poder de argumentaç­ão e convencime­nto. Foi destaque no apoio e treinament­o da arbitragem feminina na região Sul.

“Ele era generoso, sensível, bondoso, otimista, incentivad­or, líder nato, amigo, leal, sincero; com enorme capacidade de adaptação a qualquer ambiente”, comenta Setubal.

Os encontros eram sempre regados a muito futebol e análises. “O que ele mais gostava era ver um jogo que envolvia os árbitros sob seu comando, para fazer as críticas depois”, pontua o irmão.

Marco morreu em 17 de fevereiro, de infarto. Deixa a esposa, duas filhas e dois irmãos.

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