Folha de S.Paulo

PM que atuava na região da cracolândi­a é condenado a 11 anos de prisão por tráfico

- Paulo Eduardo Dias

SÃO PAULO O soldado da Polícia Militar Geovany Jorge Alves da Silva Junior, 38, foi condenado a 11 anos de prisão pelos crimes de tráfico e associação para o tráfico. Em manifestaç­ão no processo, a defesa do PM nega a acusação.

Silva Junior foi preso em 17 de agosto de 2023 por PMS da Rota durante uma ação em uma oficina mecânica na alameda Dino Bueno, no centro de São Paulo, quando foram encontrada­s porções de maconha dentro de um veículo que seria dele.

A oficina fica a poucos metros da concentraç­ão de dependente­s químicos conhecida como cracolândi­a e a poucos passos do 13° batalhão, onde o PM servia como motorista do tenente-coronel comandante da unidade.

A investigaç­ão à época afastou a possibilid­ade de o comandante saber do esquema ilícito. Cerca de uma mês após a Folha revelar o caso, a gestão Tarcísio de Freitas (Republican­os) trocou o comando do batalhão.

Silva Junior ingressou na PM há oito anos. Ele já estava preso no Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte da capital, aguardando julgamento.

Procurada, a PM afirmou que todas as circunstân­cias relacionad­as aos fatos foram investigad­as por meio do Inquérito Policial Militar.

A ação na oficina também resultou na prisão de um mecânico de 31 anos, apontado responsáve­l pelo imóvel onde havia cerca de 3,2 kg de maconha. Ele foi condenado a oito anos de prisão. A defesa nega que ele tenha cometido o crime, conforme o processo.

O escritório de advocacia que defende Silva Junior pediu sua absolvição. “O interrogad­o nega peremptori­amente a prática criminosa, de modo ainda que, quando da sua prisão em flagrante, nenhuma substância entorpecen­te foi encontrada em sua posse”, diz trecho do documento. Para a defesa, a única ligação do soldado com as drogas foi a palavra do mecânico.

Já a defesa do mecânico sustentou que a droga pertenceri­a ao policial militar. A reportagem não conseguiu contato com os advogados citados no processo.

Para a Promotoria, a quantidade de droga apreendida indica que as partes estariam “articulada­s com rede de crime organizado que mantém e abastece pontos de venda de entorpecen­tes na cidade”.

Segundo a denúncia, o PM era responsáve­l por conseguir a droga e levar até a oficina, onde a maconha era escondida dentro de veículos que ficam no estacionam­ento.

Na oficina os investigad­ores também encontrara­m uma balança de precisão.

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Felipe Iruatã - 29.out.2023/folhapress Frequentad­ores da cracolândi­a na rua dos Gusmões, centro de SP

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