De mononucleose a surdez, saiba quais são os riscos ao dar um beijo
SÃO PAULO Sinal de afeto e, principalmente, de desejo por outra pessoa, cada troca de saliva do beijo é capaz de transmitir milhares de bactérias. De mononucleose a algumas infecções sexualmente transmissíveis, a prática pode provocar ainda surdez. Mas não há motivo para pânico se tudo for feito de forma responsável.
O beijo pode provocar a transmissão de vírus, como o da Covid, enterovírus (que ataca a região gástrica) e influenza (o da gripe), e até o aparecimento de algumas doenças, como herpes e a mononucleose, popularmente conhecida como a “doença do beijo”.
Médica infectologista, Luisa Pereira diz, no entanto, que não há contraindicações para se encontrar com alguém com alguma infecção sexualmente transmissível, como herpes ou mononucleose. “Nesses casos, contudo, o indicado é não beijar nem ter relações se a pessoa estiver com lesão ativa no momento”, explica a médica.
Apesar de rara, outra doença que pode ser transmitida pelo beijo é a meningite bacteriana. “A principal causa desse tipo de meningite é a bactéria meningococo, que pode ser contraída também por vias aéreas, mas não necessariamente vai causar a doença”, afirma a Pereira.
A melhor forma de se proteger contra qualquer um desses riscos, segundo ela, é estar com o esquema vacinal atualizado, especialmente contra meningite, Covid, influenza, hepatite A e HPV.
As doenças respiratórias, inclusive, podem provocar congestionamento para além das vias aéreas, chegando nas regiões dos ouvidos. Médico da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia, Bruno Barros diz que é comum uma sensação de entupimento.
Já o vírus da herpes, apesar de não comprovado, existe uma suspeita de que possa infectar e inflamar o nervo da audição, gerando um quadro conhecido como surdez súbita. Nesses casos, o tratamento precisa ser rápido para o dano não ser permanente, segundo o médico.
Provando que o beijo não precisa acontecer na boca para representar riscos, seja na bochecha ou até outro ponto de sensibilidade, como as orelhas, segundos da prática podem resultar em problemas. “Pode se criar uma pressão auditiva ali no canal e machucar o ouvido, ou a intensidade e a frequência aguda do beijo também podem gerar um trauma à audição.”
Beijar também pode representar riscos para a saúde bucal, principalmente ao se falar de problemas como cárie ou doença da gengiva. Professor da Universidade Santo Amaro e membro do Conselho Regional de Odontologia de SP, Ricardo Schmitutz Jahn diz que, na verdade, o que é transmitido é a bactéria streptococcus, uma das causadoras da cárie.
Uma série de fatores, contudo, precisam acontecer para outra pessoa desenvolver cárie a partir de um beijo. “Para evoluir para a cárie, precisa de uma presença de açúcares e outros carboidratos na boca”, afirma Jahn.
O dentista afirma ainda que sprays e enxaguantes bucais não têm evidência científica conhecida para a prevenção de doenças transmitidas por beijo. “Quem se preocupa em barrar essa transmissão precisa ter um comportamento de higiene bucal constante e diário, sempre acompanhado por um dentista e sua equipe”, completa Jahn.
“Quem se preocupa em barrar essa transmissão precisa ter um comportamento de higiene bucal constante e diário, sempre acompanhado por um dentista e sua equipe
Ricardo Schmitutz Jahn dentista