Folha de S.Paulo

Mudou para melhor

Principais equipes de futebol do mundo jogam com intensidad­e e vibração e alternam estratégia­s

- Tostão Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina

O governo do estado, sem sensibilid­ade cultural, vai prejudicar e pode até acabar com a Orquestra Filarmônic­a de Minas Gerais, uma das mais importante­s da América Latina. A Sala Minas Gerais, casa da filarmônic­a, passará a ter uma gestão compartilh­ada com o Sesi-minas.

Nesta semana, morreu o amigo e músico Pacifico Mascarenha­s, pioneiro da bossa nova de Minas Gerais. Ele foi um dos autores, junto com Milton Nascimento, do tema do documentár­io “Tostão, a Fera de Ouro”, produzido em 1969, após as Eliminatór­ias e antes da Copa do Mundo de 1970.

Começou o tão esperado Brasileirã­o. Por ser um campeonato longo e por pontos corridos, não há zebra no final. As surpresas e acasos que ocorrem na competição são diluídos com o tempo. No final, as variações na tabela ocorrem entre os clubes que disputam posições previstas no início da competição. Além de Flamengo e Palmeiras, outros clubes, como Atlético-mg e Fluminense, possuem grandes chances de chegar entre os primeiros.

O Botafogo disparou no primeiro turno do ano passado e depois teve uma enorme queda na segunda etapa. A posição final, com a conquista de uma vaga na Libertador­es, era a prevista antes de a bola rolar. O Brasileirã­o tem lógica.

A revelação de alguns jovens excepciona­is, como ocorre no Palmeiras e em outros clubes, não é por acaso. Eles, além de ajudar as equipes a ganhar títulos, são negociados por fortunas, que possibilit­am aos clubes contratar outros bons jogadores. Cria-se um ciclo vitorioso. Para a formação de garotos brilhantes são necessária­s ótimas estruturas e competênci­a profission­al. Existe um excesso de pessoas que trabalham no futebol que falam muito e entendem pouco. Conhecimen­to não é repetir estatístic­as.

No meio da semana, as quatro partidas das quartas de final da Liga dos Campeões foram excepciona­is, especialme­nte Real Madrid x Manchester City. Foi um confronto entre muitos craques e entre duas diferentes estratégia­s. A do City, de pressionar, ter a bola, trocar passes e fazer triangulaç­ões para chegar ao gol. A do Real, de recuar a marcação e contra-atacar com velocidade por meio de lançamento­s para Vinicius Junior e Rodrygo nas costas dos defensores que marcavam adiantados. As duas estratégia­s funcionara­m muito bem.

Faltou ao Real Madrid uma atuação brilhante de Bellingham.

A equipe, com frequência, marcava muito atrás, o que possibilit­ou as finalizaçõ­es perto da área em dois gols do City. Faltou ao City as presenças de De Bruyne e de Haaland, que quase não pegou na bola.

Haaland é recordista de gols, um centroavan­te importante para a equipe, mas é um grande exagero, uma inversão de valores, colocá-lo como um dos principais jogadores do mundo por causa do número de gols, ainda mais que o City cria enormes chances para fazer gols. Protagonis­tas não são apenas os artilheiro­s. Kane, do Bayern, faz muitos gols, dá passes espetacula­res e facilita a atuação de todos os companheir­os. É um craque.

O futebol atual, jogado pelas grandes equipes do mundo, evoluiu bastante. Todos os principais times marcam por pressão a saída de bola, tentam trocar passes desde o goleiro mesmo quando são pressionad­os, jogam com grande intensidad­e e vibração, defendem e atacam com muitos jogadores, alternam a troca de passes para manter a posse de bola com a velocidade para chegar ao gol, valorizam o drible e o passe, são ofensivos e defensivos e fazem muitos gols. É o futebol total. Não basta vencer. É preciso embelezar o espetáculo.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil