Folha de S.Paulo

Celso Pansera Cooperativ­a de crédito já tem mais agências bancárias do que o BB

- Julio Wiziack painelsa@grupofolha.com.br

A ABDE (Associação Brasileira de Desenvolvi­mento) se tornou uma Febraban de instituiçõ­es públicas. Sob o comando de Celso Pansera, elas concentram 45,5% do crédito. Boa parte desse desempenho se deve à digitaliza­ção dos bancos privados, o que abriu espaço para as cooperativ­as, especialme­nte no interior.

Por que cresceram tanto?

Com a concentraç­ão bancária, houve uma redução muito grande de agências. Parece que todo mundo quer deixar o cliente em casa [atender pela internet]. Aonde as empresas, particular­mente as micro e pequenas, estão indo [buscar crédito]? Aos bancos cooperativ­os, agências de fomento dos estados, que já são muito grandes e com uma capilarida­de enorme.

De qual tamanho?

O Sistema Nacional de Fomento é de R$ 2,4 trilhões, 45,5% do total do crédito no país. [Esses recursos] financiam 66% dos investimen­tos [das empresas]. A Sicredi, por exemplo, já tem uma rede bancária equiparáve­l à dos grandes bancos, mas no interior. Ela começa agora a entrar nas grandes cidades.

Sicredi já tem o porte de um Banco do Brasil, por exemplo?

Sim, já tem esse tamanho em termos de agências.

Onde essas cooperativ­as capRaio-x

Formando em Letras (UFRJ), sempre atuou em instituiçõ­es ligadas à educação e à ciência. Elegeu-se deputado federal pelo MDB e foi ministro de Ciência e Tecnologia no governo Dilma Rousseff. Deixou o cargo para votar contra o impeachmen­t e não retornou à pasta. Migrou para o PT, em 2018.

tam dinheiro?

No BNDES, Finep, Basa, BNB [instituiçõ­es de fomento]. Em 2022, a Finep lucrou R$ 280 milhões [com essas operações]. Em 2023, R$ 700 milhões. Isso porque a gente procurou essas pequenas casas bancárias.

Pleiteiam uma alíquota menor que a dos bancos tradiciona­is na regulament­ação da reforma tributária?

Não podemos tratar diferentes com igualdade. Precisamos de alíquotas diferencia­das para as agências de fomento e para o crédito cooperativ­o. E vamos buscar isso. Primeiro com o governo, discutindo a regulament­ação. Isso é uma conversa sobre o que foi aprovado. E, com o Congresso, sobre o que será aprovado. Então, lançamos recentemen­te uma agenda legislativ­a bem forte.

A ABDE virou a Febraban dos bancos públicos?

Por esse modo, sim. Mas a ideia não é competir com eles. Há um mercado [que os bancos da Febraban não atendem] e o Brasil precisa avançar, inovar. O PIB industrial caiu de 21%, em 1970, para 12%. No mundo, saiu de 16% para 19% do PIB.

Tem uma proposta?

Acredito que chegaríamo­s a um ponto de termos um Plano Indústria a cada três anos, atacando determinad­os eixos com o mesmo vigor do Plano Safra.

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