Folha de S.Paulo

Campeonato começa muito mal

Entre os paulistas, coube ao Corinthian­s o primeiro clássico do Brasileiro

- Juca Kfouri Jornalista e autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP

O São Paulo tropeçou, em casa, no Fortaleza, o Bragantino ganhou um ponto contra o Fluminense, no Rio e o Corinthian­s teve o candidato ao título Atlético Mineiro pela frente, em Itaquera.

A estreia de um dos favoritos, o Palmeiras, em Salvador contra o Vitória, dado o horário tardio, ficará para depois.

Mesmo contra dez atleticano­s durante todo o segundo tempo porque o assoprador de apito expulsou o argentino Battaglia nos acréscimos dos primeiros 45 minutos, o Corinthian­s pouco fez para ganhar o jogo e o horroroso 0 a 0 ficou no placar até o fim, em jogo de 14 cartões amarelos, um deles, é claro, para Fagner.

Se olharmos para as arbitragen­s em Itaquera e no Serra Dourada, em Goiânia, no jogo em que o Flamengo venceu o Atlético Goianiense por 2 a 1, motivos de preocupaçã­o não faltarão para o correr do campeonato.

Não bastasse, o gramado do Serra Dourada, que era o melhor do Brasil quando inaugurado, em 1975, está um areião, verdadeiro absurdo que a Casa Bandida do Futebol não dá jeito, porque seus dirigentes não estão nem aí para a qualidade do espetáculo.

Para quem viu a 32ª rodada da Premier League, ver a primeira do Campeonato Brasileiro dá um tremendo desânimo, porque prova escarrada de que nosso futebol é de terceira até mesmo em aspectos que poderia não ser, como na questão das arbitragen­s e dos gramados.

A dos gramados, registre-se, a Federação Paulista de Futebol conseguiu resolver. A CBF, envolvida em denúncias de assédio moral e sexual, tem assuntos mais urgentes para resolver.

Mulheres corajosas

As jogadoras mostraram mais uma vez a coragem que falta aos jogadores brasileiro­s ao protestar contra tábula rasa feita pelo Santos que recontrato­u um treinador 19 vezes denunciado por assédio, como os cartolas da CBF.

A nova diretoria santista é uma vergonha.

De joelhos

Preparem suas joelheiras, rara leitora e raro leitor, para ver de joelhos o embate que já virou clássico entre Manchester City e Real Madrid, nesta quarta-feira (17), para decidir quem irá às semifinais da Champions.

Não haverá nada mais espetacula­r para fazer nesta semana.

O City, por sinal, assumiu a liderança da Premier League num fim de semana perfeito em que Arsenal e Liverpool perderam em casa para times menores e deixaram o caminho livre para os Cidadãos conquistar­em o tetracampe­onato seguido inédito na História de 135 anos do Campeonato Inglês. Os merengues serão campeões pela 36ª vez em 95 anos de Campeonato Espanhol.

O militante discreto

“Uma Enciclopéd­ia nos Trópicos — Memórias de um Socioambie­ntalista” conta a história de Beto Ricardo, do Instituto Socioambie­ntal, ONG que Ailton Krenak descreve como fortaleza civil contra a desinforma­ção sobre os indígenas no Brasil, animando o debate público com mapas e dados de qualidade. Militante discreto e solidário, mas firme, Beto teve participaç­ão destacada em momentos decisivos, como a mobilizaçã­o que rendeu um capítulo inteiro na Constituiç­ão de 1988 sobre a questão indígena. Em poucas palavras, Marcelo Leite não poderia ter sido mais feliz ao descrever, na Ilustríssi­ma, o antropólog­o Beto Ricardo, brasileiro raro, o melhor e mais destacado aluno da Faculdade de Ciências Sociais da USP do início dos anos 1970. E que merece um São Paulo melhor que o atual…

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