Tesla vai demitir 10% dos funcionários em meio às vendas fracas e à maior competição
A Tesla demitirá mais de 10% de sua força de trabalho global, segundo memorando interno visto pela Reuters nesta segunda (15). A empresa enfrenta queda nas vendas em meio à intensificação da disputa de preços dos veículos elétricos.
“Aproximadamente a cada cinco anos, precisamos reorganizar e otimizar a empresa para a próxima fase de crescimento”, escreveu Elon Musk, presidente-executivo da montadora, no X (ex-Twitter).
A última rodada de cortes anunciada pelo empresário ocorreu em 2022, depois de Musk ter dito aos executivos que estava com um “pressentimento muito ruim” sobre a economia.
A Tesla nunca detalhou quantos empregos cortou em 2022, mas seu número de funcionários aumentou de cerca de 100 mil no final de 2021 para mais de 140 mil no final de 2023, de acordo com arquivos da SEC (a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA).
As demissões já estão acontecendo, segundo email enviado aos funcionários demitidos visto pela Reuters.
Também nesta segunda, Drew Baglino, responsável pelo desenvolvimento de baterias, e Rohan Patel, diretor de políticas públicas e desenvolvimento de negócios, anunciaram suas saídas da Tesla no X.
Baglino era um dos quatro membros da equipe de liderança da Tesla listados no site de relações com investidores da empresa. Musk agradeceu a ambos pelo trabalho, em resposta às suas publicações.
Scott Acheychek, CEO da Rex Shares, que gerencia fudos com alta exposição às ações da Tesla, descreveu as reduções de pessoal como estratégicas, apontando para o aumento geral do número de funcionários da empresa ano a ano como um sinal de que a montadora ainda está em uma fase de crescimento.
Já, Michael Ashley Schulman, diretor de investimentos da Running Point Capital Advisors, considerou as saídas dos executivos seniores como “o sinal negativo maior hoje” de que o crescimento da Tesla estava em apuros.
As ações da Tesla caíram mais de 5% nesta segunda, com outros fabricantes de carros elétricos como Rivian, Lucid e VinFast também caindo entre 2% e mais de 9%.
“Enquanto preparamos a empresa para nossa próxima fase de crescimento, é extremamente importante analisar todos os aspectos para reduzir custos e aumentar a produtividade”, disse Musk no memorando dirigido aos funcionários da companhia.
“Como parte desse esforço, fizemos uma análise minuciosa da organização e tomamos a difícil decisão de reduzir nosso quadro de funcionários em mais de 10% em todo o mundo”, disse.
A Tesla não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
No acumulado deste ano, as ações da montadora caíram cerca de 33%, ficando aquém das tradicionais Toyota e General Motors, cujos papéis subiram 45% e cerca de 20%, respectivamente, graças a uma lenta transição dos consumi-* dores para os carros elétricos.
Os cortes planejados ocorrem depois que a Tesla informou neste mês que suas entregas globais de veículos no primeiro trimestre caíram pela primeira vez em quase quatro anos, uma vez que a redução de preços não conseguiu estimular a demanda.
A Tesla, que divulga seu balanço trimestral em 23 de abril, está a caminho de uma desaceleração em 2024, após anos de rápido crescimento nas vendas.
A fabricante de veículos elétricos tem demorado a atualizar seus modelos antigos, enquanto as taxas de juros altas têm minado o apetite do consumidor por itens caros e rivais na China, o maior mercado automotivo do mundo, estão lançando modelos mais baratos.
A empresa está buscando reforçar suas margens de lucro, que têm sido prejudicadas pelos cortes nos preços. A Tesla registrou uma margem de lucro bruto de 17,6% no quarto trimestre, a menor em mais de quatro anos.