Banimento do TikTok nos EUA abre brecha para veto a ‘Fortnite’ e ‘LOL’
São paulo A lei que pode resultar no banimento do aplicativo TikTok dos Estados Unidos abre margem para que outras empresas chinesas com atuação no país sejam punidas da mesma forma. Isso inclui a gigante Tencent, com investimentos consideráveis nas empresas que fazem games como “Fortnite” e “LOL” (“League of Legends”).
Apesar de a legislação sancionada por Joe Biden na quarta-feira passada (24) ser aplicada exclusivamente à ByteDance e sua rede social, ela deixa aberta a possibilidade de que outras empresas de
“países adversários” sofram as mesmas sanções desde que sejam consideradas pelo presidente uma “significativa ameaça à segurança nacional”.
Segundo o texto, o veto pode ser aplicado a qualquer programa de computador ou aplicativo que atinja os seguintes critérios:
1) permita ao usuário criar uma conta ou perfil para gerar, compartilhar e ver textos, imagens, vídeos, comunicação em tempo real, ou conteúdo similar;
2) tenha mais de 1 milhão de usuários ativos em pelo menos 2 dos últimos 3 meses;
3) seja controlado por uma empresa em que “adversário externo” detenha ao menos 20%departicipaçãoacionária.
Apesar de a primeira vista serem bem restritos, esses critérios podem ser facilmente encaixados para jogos de sucesso cujas empresas desenvolvedoras receberam investimentos chineses.
É o caso da Riot Games, desenvolvedora de “LOL” e “Valorant”, que foi comprada pela Tencent em 2011. Os dois jogos mais populares da empresa ultrapassam tranquilamente a marca de 1 milhão de usuários ativos por mês e permitem que os usuários se comuniquem em tempo real.
Mas até empresas controladas por americanos podem ser obrigadas a se desfazer de investimentos estrangeiros. É o caso da Epic Games, desenvolvedora do mega sucesso “Fortnite”, que em 2012 vendeu cerca de 40% de suas ações para a Tencent por US$ 330 milhões (R$ 1,7 bilhão) —segundo a empresa, atualmente a gigante chinesa controla 35% de suas ações.
A Tencent foi fundada em 1998 na cidade chinesa de Shenzhen. Seu primeiro produto foi um programa de mensagens instantâneas que copiava o antigo ICQ até no nome —OICQ, hoje QQ—, mas que se tornou muito popular na China. Aproveitando a base de usuários do aplicativo, a empresa começou a expandir seu portfólio no início dos anos 2000, incluindo games.
Ao mesmo tempo em que detém fatia considerável do mercado de games na China, a Tencent vem aumentando seus investimentos fora do país. A empresa é acionista de estúdios como o japonês FromSoftware, de “Dark Souls” e “Elden Ring”; o finlandês Supercell, de “Clash of Clans”; o belga Larian Studios, de “Baldur’s Gate 3”; e até da francesa Ubisoft, das séries “Assassin’s Creed” e “Far Cry”.
“A indústria de games não mostrou muita preocupação com esses procedimentos até agora (pelo menos publicamente), mas dado o fato de que a proibição do TikTok se tornou lei, de repente coisas que pareciam cenários absurdos há alguns anos estão desconfortavelmente dentro do reino das possibilidades”, afirmou Brendan Sinclair, editor do site GamesIndustry.biz em coluna sobre o tema.
No texto, Sinclair lembra que durante o período de Donald Trump na Casa Branca a Tencent foi questionada pelo Comitê sobre Investimentos Estrangeiros nos EUA sobre a compra de ações de empresas americanas de tecnologia.
Dada a possibilidade de Trump voltar à Casa Branca nas eleições deste ano nos EUA, todo cuidado é pouco.
“De repente coisas que pareciam cenários absurdos [para a indústria dos games] há alguns anos estão desconfortavelmente dentro do reino das possibilidades
Brendan Sinclair editor do site GamesIndustry.biz, em coluna sobre o tema