Dólar avança 3,5% em abril, para R$ 5,19, maior alta desde agosto
Mercados têm dia de aversão ao risco na véspera de feriado no Brasil e de decisão sobre os juros nos EUA
O dólar teve forte alta nesta terça-feira (30), com sentimento de cautela global imperando antes do feriado do Dia do Trabalho no Brasil, nesta quarta-feira (1°), quando também ocorrerá nova decisão sobre juros do Fed (Federal Reserve, o banco central americano).
Com isso, a moeda americana subiu 1,50%, para R$ 5,192. Em abril, a divisa acumulou valorização de 3,53%, maior avanço mensal desde agosto.
A aversão ao risco também afetou a Bolsa brasileira, que fechou em queda puxada principalmente pelas ações da Vale e da Petrobras. O Ibovespa terminou o dia com recuo de 1,12%, aos 125.924 pontos, acumulando baixa de 1,70%.
A pressão sobre a Bolsa também foi causada pela subida dos juros futuros no país. Além do cenário americano, dados fortes de emprego no Brasil também apoiaram a alta.
“O dólar tem valorização global, com investidores adotando posturas mais defensivas antes da decisão de juros dos EUA e do feriado, que vai parar também mercados nas regiões da Europa e Ásia”, disse Diego Costa, chefe de câmbio para Norte e Nordeste da B&T Câmbio. “O futuro dos juros permanece incerto, e a volatilidade nos mercados deve persistir ao menos até que o [presidente do Fed, Jerome] Powell se pronuncie.”
Os mercados esperam que o banco central dos EUA mantenha as taxas de juros no patamar atual de 5,25% a 5,50%. Operadores precificam apenas 0,35 ponto percentual de cortes nos juros pelo Fed neste ano, abaixo da projeção do início do ano, de 1,5 ponto, de acordo com dados do LSEG.
A redução nas expectativas de afrouxamento monetário nos EUA veio após uma série de dados econômicos e de inflação resilientes, que levaram a forte reversão no apetite por risco global em abril, ainda que o clima tenha melhorado um pouco no final do mês.
Embora operadores tenham associado boa parte da depreciação cambial doméstica às incertezas internacionais, especialmente vindas do Fed, também foi apontada uma piora na percepção de risco fiscal do Brasil, depois que o governo afrouxou a meta de resultado primário de 2025.
Segundo a equipe da Ágora Investimentos, citando projeções de mercado, é improvável que Powell alivie as preocupações dos investidores em meio aos dados de inflação elevados e aos sinais de força na maior economia do mundo.
Costa, da B&T, chamou a atenção para o fato de que o pregão desta terça teve a formação da Ptax do fim de abril, o que tornou as negociações mais instáveis.
A Ptax é uma taxa de câmbio calculada pelo Banco Central que serve de referência para a liquidação de contratos futuros.
No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la para níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas, sejam vendidas em dólar.