Folha de S.Paulo

Poder presidenci­al permite nomear pessoa de confiança

PARA PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA NA ERA LULA, LAVA JATO NÃO PODE SER SELETIVA

- FREDERICO VASCONCELO­S

Nomeado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva para comandar o Ministério Público Federal (MPF) entre 2003 e 2005, o ex-procurador-geral da República Claudio Lemos Fonteles faz críticas às práticas adotadas na Operação Lava Jato.

Fonteles publicou em seu blog, no último domingo (13) —quando houve manifestaç­ões por todo o país contra a presidente Dilma Rousseff—, um artigo no qual diz que o trabalho do Ministério Público “não condiz com arroubos espetacula­res, protagonis­mos em demasia, exaltações midiáticas e prejulgame­ntos”.

Fonteles não comenta a divulgação dos áudios com diálogos entre Dilma e Lula, autorizada pelo juiz Sergio Moro e diz que a nomeação do ex-presidente para a Casa Civil “faz parte dos poderes da presidente, ao escolher pessoas de sua confiança”.

Lei abaixo os principais trechos da entrevista concedida à Folha por telefone. Folha - O que levou o senhor a publicar o artigo?

ClaudioFon­teles- Dediquei minha vida ao Ministério Público Federal. É importante apresentar às novas gerações uma visão que mostra que nosso exercício profission­al deve ser pautado por serenidade, equilíbrio, fundamenta­ção. Não deve se deixar levar pela empolgação, o que é natural nos jovens.

A mídia está no seu papel de buscar o furo [de reportagem]. Mas quem conduz a investigaç­ão somos nós. O compromiss­o institucio­nal do MP, quando forma sua convicção, é sempre afastarse de emitir juízos meramente opinativos, com ilações puramente noticiosas. Como o sr. viu a decisão do juiz Sergio Moro de tornar públicos os diálogos entre a presidente Dilma e Lula?

Essa questão está judicializ­ada e, portanto, passa a ter um foro adequado. Vamos aguardar a decisão do Judiciário. O importante é que não haja soluções fora do Estado de Direito. Vamos manter a serenidade. Não é momento de compactuar com soluções autoritári­as. pre. Como qualquer ser humano que tem a seu cargo o interesse público, quando solicitado, deve se manifestar. Agora, se for solicitado reiteradas vezes, deveria dizer, de vez em quando, “um momento, agora não”.

 ?? Givaldo Barbosa - 4.fev.2013/Agência O Globo ?? O ex-procurador-geral da República Claudio Fonteles
Givaldo Barbosa - 4.fev.2013/Agência O Globo O ex-procurador-geral da República Claudio Fonteles

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