O magistrado não fala só nos autos. Tem que falar, claro que sim. Mas não sem-
O MPF cometeu excessos em relação a Lula?
Eu vi a manchete do jornal “O Globo”, na segunda (14): “Brasil vai às ruas contra Dilma e Lula e a favor de Moro”. Acho que deve haver a crítica, mas esse tipo de jornalismo não colabora, personaliza.
Temos que avaliar os fatos. A noção exata de quando utilizar uma condução coercitiva e quando solicitar a prisão preventiva. Procuramos demonstrar uma visão jurídica do quadro institucional brasileiro. Não há referência a pessoas. São ideias, valores. Como o sr. avalia as manifestações do juiz Moro, ao emitir opinião nos processos e em eventos públicos? Lula precisaria ser preso para não destruir provas ou embaraçar a investigação?
Acho que não, de maneira alguma. Não haveria como um réu, que tem contra si uma acusação de cem páginas, comprometer a instrução criminal. Na verdade, essa denúncia praticamente já esgotou o quadro probatório. A prova já está consolidada. A meu juízo não haveria razão para a prisão preventiva. Como o sr. avalia a pregação do procurador Deltan Dallagnol, força-tarefa da Lava Jato, contra a corrupção?
É correto. A Lava Jato deve continuar, deve ser ampliada. Não pode ser seletiva. Vocês noticiaram, por exemplo, a conduta do sr. Fernando Henrique Cardoso. A quantas anda essa investigação? É verdade que o sr. FHC usou caminhos inadequados para mandar dinheiro para fora? Comprou bens? É algo que tem que ser noticiado, acompanhado. Tem que cobrir tudo, não deve haver seletividade. Tem que ser noticiado também de igual forma, tanto quanto possível.
Faz parte dos poderes da presidente da República nomear pessoas de sua confiança. A Lava Jato tem que continuar, deve ser ampliada. Não pode ser seletiva. A imprensa noticiou a suspeita sobre conduta de FHC. A quantas anda essa investigação? Tem que cobrir tudo, sem seletividade