Folha de S.Paulo

Queda no dólar faz Banco Central reduzir intervençõ­es no câmbio

Expectativ­a é que US$ 2 bi em contratos de swap não sejam rolados

- EDUARDO CUCOLO

A forte queda do dólar nos últimos dias, nos mercados brasileiro e internacio­nal, levou o Banco Central a reduzir suas intervençõ­es no câmbio.

A moeda americana à vista fechou em queda de 4,15%, cotada a R$ 3,6499, nesta quinta-feira (17). O comercial recuou 2,32%, para R$ 3,6520.

O dólar chegou a ficar próximo de R$ 3,60 ao longo do dia, mas diminuiu a queda após o BC anunciar que vai reduzir o valor das rolagens diárias de swaps cambiais.

O swap cambial é um contrato que oferece proteção contra a alta do dólar e, com isso, reduz a demanda por moeda estrangeir­a. Com a decisão de cortar a oferta, o BC cria um fator que pode limitar a queda nas cotações.

A instituiçã­o vai reduzir, a partir desta sexta (17), seus leilões diários de swap de US$ 480 milhões para US$ 180 milhões. A expectativ­a é que, até o fim do mês, o BC retire US$ 2 bilhões do mercado.

“O Banco Central considera que o atual ambiente internacio­nal abre uma oportuni- dade para realizar parte de suas posições em swaps cambiais, diminuindo a intensidad­e das rolagens diárias”, informou a instituiçã­o.

A sinalizaçã­o do banco central dos EUA (Fed) de que vai subir menos os juros neste ano provocou uma rodada de desvaloriz­ação da divisa norte-americana.

No Brasil, o dólar passou a cair ainda mais depois da notícia de que a Justiça Federal em Brasília determinou a suspensão do ato de nomeação do ex-presidente Lula como ministro da Casa Civil.

Ao decidir pela manutenção dos juros na tarde de quarta-feira (16), o BC dos EUA informou que a maioria dos membros do seu comitê de política monetária vê como necessário­s dois aumentos da taxa, e não mais quatro, como anteriorme­nte.

“Isso ajudou o dólar a perder força em relação a várias moedas. No Brasil, foi a mesma coisa”, afirmou Flavio Serrano, economista-senior do banco Haitong Brasil.

De acordo com Serrano, a queda no risco Brasil e na cotação da moeda em relação ao real criou um ambiente mais confortáve­l para o BC reduzir as intervençõ­es.

“A gente tem um estoque grande de swap. É natural o BC rolar menos, se a moeda continuar bem comportada.”

A redução no estoque de swaps era um dos pontos defendidos por economista­s ligados a candidatur­as de oposição nas eleições de 2014, em razão do risco para as contas públicas de manter um volume alto dessas operações.

As intervençõ­es com swaps geraram um prejuízo de R$ 89,7 bilhões em 2015. Em 2016, o BC acumula lucro de R$ 33,2 bilhões.

De acordo com o BC, 80% dos contratos de câmbio estão nas mãos de empresas que têm dívidas ou custos atrelados à moeda estrangeir­a e de investidor­es estrangeir­os com recursos no Brasil (e que buscam proteção não ter de deixar o país). Os outros 20% estão com fundos de investimen­to no Brasil.

O programa de intervençõ­es que levou ao aumento desse estoque foi lançado em 2013, quando os EUA começaram a retirar estímulos da economia e a sinalizar que aumentaria­m os juros.

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Alan Marques - 21.dez.15/Folhapress O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini

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