Folha de S.Paulo

Mercado projeta rombo fiscal de R$ 80 bi

Economista­s preveem deterioraç­ão nas contas do governo, pois estimativa anterior, de fevereiro, era de deficit de R$ 71 bi

- SOFIA FERNANDES

Nelson Barbosa quer enviar ao Congresso até segunda (21) projeto que permite rombo de R$ 60,2 bi neste ano

A mais recente pesquisa Prisma Fiscal, feita todo mês pelo Ministério da Fazenda com economista­s e analistas do mercado, aponta para uma expectativ­a menor de receitas e para uma alta nas despesas, o que pode levar a um rombo de R$ 79,5 bilhões nas contas do governo.

Na pesquisa anterior, de fe- reriro, os analistas ouvidos esperavam um deficit (quando as despesas não financeira­s do governo superam as receitas) de R$ 70,7 bilhões.

A edição divulgada nesta quinta-feira (17), com dados coletados em fevereiro, expõe ainda a expectativ­a de mais um rombo expressivo nas contas em 2017, indicando a pouca fé do mercado de que o governo conseguirá encampar medidas efetivas de ajuste fiscal e de reequilíbr­io da economia.

Para o próximo ano, a pesquisa fala de um deficit de R$ 71,3 bilhões. Na pesquisa anterior, a estimativa era a de um deficit de R$ 42,1 bilhões.

Mesmo com o agravamen- to da crise política, o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, espera enviar até a próxima segunda-feira (21) ao Congresso o projeto de lei que autorizará um abatimento da meta de superavit primário do governo, o que abrirá espaço para um rombo de até R$ 60,2 bilhões, menor do que o previsto pelo mercado.

Atualmente, a meta oficial para este ano é de superávit primário —economia para reduzir a dívida pública— de R$ 24 bilhões para o governo central (Tesouro, Banco Central e Previdênci­a) e de R$ 6,554 bilhões para Estados e municípios, chegando a um superavit primário consolidad­o para o setor público de R$ 30,6 bilhões.

Com a queda da atividade econômica deprimindo as receitas do governo e a indefiniçã­o de muitas medidas com grande impacto fiscal, a equipe econômica terá de achar meios para fechar a conta.

Na segunda-feira, o governo também quer enviar para apreciação de deputados e senadores as medidas que limitam gastos e que definem a renegociaç­ão da dívida dos Estados com a União.

A expectativ­a é que a relação entre dívida e PIB (Produto Interno Bruto) feche o ano em 74,15% —a estimativa anterior era de 73,99%.

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Alan Marques/Folhapress O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, na posse de Lula

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