Folha de S.Paulo

88% relatam diminuição do uso de crack

- DE SÃO PAULO

Desde o final de 2015, os usuários que fazem parte do programa De Braços Abertos passaram a ser acompanhad­os por meio de um cadastro único.

Com o uso de um software, 75 agentes de saúde municiam o sistema com informaçõe­s sobre assistênci­a, saúde e trabalho.

A medida, que possibilit­a a compilação mensal de dados sobre a evolução de cada um deles, produziu os primeiros indicadore­s em fevereiro deste ano, quando 432 pessoas eram atendidas pelo programa.

Segundoore­latório,88% de 290 usuários entrevista­dos dizem ter reduzido o uso de crack; 71% dos 432 que respondera­m aderiram às frentes de trabalho — nem todos respondera­m a todas as perguntas.

Além da varrição, atualmente, há outras formas de trabalho, como jardinagem, pintura, escultura, restauro de móveis, reciclagem e manutenção predial.

O pagamento pelo trabalho é semanal. Ao final do mês, caso não faltem nenhuma vez ao trabalho, eles recebem R$ 568,27.

Desde que foi criado, em janeiro de 2014, 928 pessoas passaram pelo programa. Desses, 430, o que correspond­e a 46%, acabaram saindo —80 foram presos, 12 morreram, 42 voltaram para suas famílias e 7 foram internados com problemas de saúde.

Outros 289 usuários foram para novos serviços assistenci­ais ou desistiram — a prefeitura não sabe precisar quantos se enquadram em cada caso.

“Uma leitura descritiva dos dados não é suficiente para concluir que este programa seja viável”, afirma o psiquiatra e professor da Unifesp Jair Mari. “Trata-se de um estudo descritivo, sem grupo controle, sem dados de custo e efetividad­e”, explica.

Opinião diversa tem o psiquiatra Dartiu Xavier, diretor do Proad (Programa deOrientaç­ãoeAtendim­ento a Dependente­s), da Unifesp. Ele já foi coordenado­r de treinament­o dos agentes de saúde do programa.

“Os dados me parecem muito promissore­s. Qualquer programa de assistênci­a deve ter uma monitoriza­ção continua, inclusive para que sejam feitos ajustes”, diz. “A aderência aos programas tradiciona­is é de apenas 20% e a eficácia de tratamento costuma ser de 30% a 35%, na melhor das hipóteses.”

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Movimentaç­ão na al. Dino Bueno, no centro de SP

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