Iggy Pop estreia banda e novas composições em show no Texas
Aos 69, cantor lança novo álbum e faz apresentação de quase 2 horas
FOLHA,
Quase 69 anos de idade, uma hora e 55 minutos de show, 22 músicas, um mosh, zero sinalde cansaço. IggyPop evita a fórmula de muitos artistas da sua idade, que reprisam a mesma performance e o mesmo repertório com a certeza de agradar o público.
Pelo contrário, na sua performance no festival South by Southwest(SXSW),emAustin, na quarta (16), Iggy estreou uma banda e composições.
Das 22 músicas, sete fazem parte do álbum “Post Pop Depression”, seu 17º, produzido pelo novo amigo e parceiro Josh Homme (do Queens of the Stone Age), lançado nesta sexta (18), o último de sua carreira, segundo Pop.
Se, nos anos 1970, Iggy foi ressuscitado por David Bowie, que produziu seus pri- meiros álbuns solo, agora ele parece sugar a energia do super grupo formado por Homme e outros músicos do QOTSA, Arctic Monkeys e Chavez.
Na primeira música, o hit “Lust for Life”, ele surge com a voz potente, pulando alto, fazendo suas habituais contorsões, rindo. Josh Homme toca e faz um backing vocal de luxo alguns passos atrás. Parece confortável no papel de coadjuvante. O grupo tem um entrosamento magnético, como se tocasse junto há anos.
A banda veste ternos pretos, mas o paletó de Iggy só dura uma música. Na segunda, “Sister Midnight”, ele já está sem camisa, mostrando o torso malhado, um pedaço da cueca e uma pelanquinha no braço magro. Iggy continua punk e não está nem aí.
As novas músicas têm dor e melancolia, mas com humor.Em“AmericanValhalla”, ele canta sobre a morte (A morte é a pílula difícil de engolir / Tem alguém aí?), mas sem pedir pena de ninguém.
Em “Funtime”, música em que Iggy assume suas características vampirescas, ele se joga com vontade na plateia. O público parece se assustar no começo, mas depois não quer devolver o cantor ao palco.
Enquanto canta, Iggy aponta o dedo pra plateia como se quisesse dividir suas lições de vida. Distribui hits, como “The Passenger” e “China Girl”, mas logo volta para canções novas, como “Paraguay”.
Quando o show termina com “Success”, a banda deixa o palco. Parece que a pilha do grupo acabou, mas a dele não. Iggy continua lá, intenso. Em silêncio, se contorce, dança, salta, bate no peito. Uma veia salta da base do pescoço ao peito esquerdo. O público vibra. Ele não está ali pra agradar ninguém, mas o resultado é inevitável.