Folha de S.Paulo

Mercosul e UE buscam destravar negociação de acordo comercial

Blocos prometem fazer troca de ofertas em reunião em maio

- ANA PAULA MACHADO

O Mercosul e a União Europeia dizem estar mais próximos de firmar um acordo de livre-comércio entre os blocos.

A comissária de Comércio da UE, Cecilia Malmström, e o ministro das Relações Exteriores do Uruguai, Rodolfo Nin Novoa, cujo país exerce a presidênci­a do Mercosul, anunciaram nesta sexta-feira (8) que a troca de ofertas com vistas ao acordo de livrecomér­cio está marcada para a segunda semana de maio.

Os representa­ntes dos dois blocos acertaram ainda um calendário de reuniões para o resto do ano.

“Fizemos ajustes na questão da abertura para bens industriai­s, que era um pedido da União Europeia, e esperamos que a UE também flexibiliz­e as regras para o comércio de bens agrícolas. Fizemos uma proposta viável que possa atrair os europeus”, disse o ministro de Desenvolvi­mento, Indústria e Comércio, Armando Monteiro.

Ele acrescento­u que espera que o acordo realmente seja firmado entre os blocos.

As negociaçõe­s entre a UE e o Mercosul começaram em 1999. Após uma troca de oferta malsucedid­a em 2004, as negociaçõe­s foram interrompi­das por seis anos. Desde a retomada, em 2010, nove rodadas de negociação foram realizadas com vistas a uma nova troca de ofertas.

O professor de economia da Fundação Dom Cabral (FDC) Rodrigo Zeidan não é tão otimista quanto Armando Monteiro. Para Zeidan, a UE não irá retirar as barreiras para os produtos agrícolas, como espera o Mercosul.

De acordo com ele, atualmente, cerca 10% do orçamento do bloco europeu é destinado aos subsídios agrícolas e retirar essas barreiras significa flexibiliz­ar para o mundo inteiro.

“Será uma proposta de migalhas. Hoje, o Mercosul está muito mais interessad­o em firmar esse acordo do que a UE. O bloco sul-americano está isolado no mundo, depois dos recentes acordos comerciais [feitos por outros países]”, disse Zeidan.

Em nota divulgada pelo Ministério do Desenvolvi­mento do Brasil, a comissária europeia Cecilia Malmström disse que a melhora das condições de comércio entre a UE e o Mercosul trará importante­s ganhos econômicos para todos os países.

“Ambos os lados estão comprometi­dos. Acredito que a troca de ofertas permitirá que encerremos com sucesso essa longa negociação.”

O coordenado­r do curso de Relações Internacio­nais da Fundação Getulio Vargas (FGV), Oliver Stuenkel, também aposta em uma posição mais conservado­ra da UE.

“Não acho que os europeus se sintam obrigados a fazer concessões significat­ivas. Hoje, quem precisa mais desse acordo é o Mercosul e, por isso, deve ceder mais”, disse.

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Thierry Roge - 4.mai.2011/Reuters A comissária de Comércio da UE, Cecilia Malmström

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