Folha de S.Paulo

Petrobras paga juro recorde em venda de títulos

Empresa obteve US$ 6,75 bi e vai usar maior parte do dinheiro para ampliar prazo da dívida

- NICOLA PAMPLONA DAVID FRIEDLANDE­R

A Petrobras concluiu nesta terça-feira (17) sua primeira emissão de títulos no mercado internacio­nal desde junho de 2015, ao levantar US$ 6,75 bilhões em duas operações. Os investidor­es, porém, cobraram caro: um dos papéis, com vencimento de dez anos, teve a maior taxa de juros paga pela empresa até agora, de 9% ao ano.

Primeira captação de uma empresa brasileira após o afastament­o da presidente Dilma Rousseff, a operação foi encarada como um teste do humor do mercado. Para analistas, deve abrir as portas para outras companhias com dificuldad­es financeira­s.

A Petrobras vai usar quase todo o dinheiro para alongar os prazos de vencimento de sua elevada dívida. Em comunicado, a estatal informou que iria usar US$ 3 bilhões para recomprar papéis com vencimento nos próximos dois anos.

Depois da operação, a empresa decidiu dobrar o valor gasto na recompra de papéis a vencer, para US$ 6 bilhões.

O restante do dinheiro será usado para “fins corporativ­os gerais”, informou a companhia, no comunicado. Os bancos contratado­s para a emissão são Banco do Brasil, JPMorgan, Merrill Lynch, Pierce, Fenner & Smith Incorporat­ed e Santander.

A operação desta quinta foi dividida em duas séries de títulos. A maior, de US$ 5 bilhões, tem vencimento em 2021 e pagará juros de 8,625% ao ano. A segunda, de US$ 1,750 bilhão, vence em 2026, com juros de 9% ao ano.

Até então, o maior juro pago pela estatal havia sido 8,375%, em uma emissão de US$ 576 milhões em 2003, com vencimento em 2018. Essa série será a primeira a ser recomprada com os recursos obtidos nesta terça-feira. VOLTA AO MERCADO Da última vez em que foi ao mercado, em junho do ano passado, a companhia levantou US$ 2,5 bilhões em um raro lançamento de bônus com vencimento em cem anos, pagando 8,45% ao ano.

Em seus melhores momentos, a companhia chegou a pagar menos de 3% ao ano em seus títulos. A taxa mais baixa foi paga em maio de 2013, em uma emissão de US$ 1,25 bilhão —2% ao ano.

O executivo de um dos bancos que participar­am da operação desta quinta reconheceu que a taxa é mais alta, mas disse que o objetivo de alongar o prazo da dívida foi cumprido.

Com uma débito total de R$ 450 bilhões, a estatal vem buscando no mercado alternativ­as para conseguir investir e, ao mesmo tempo, pagar os financiame­ntos que vencerão nos próximos anos. Apenas no primeiro trimestre de 2016, a empresa gastou R$ 24 bilhões com o pagamento de dívidas e juros.

Entre 2017 e 2018, os vencimento­s, excluindo juros, somam R$ 101 bilhões, segundo balanço divulgado na semana passada. Em 2019, serão mais R$ 82 bilhões.

A empresa não havia se manifestad­o até a conclusão desta edição. Os bancos preferiram não se pronunciar.

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