Folha de S.Paulo

Justiça nega pedido de indenizaçã­o feito por Lula contra ‘O Globo’

- RIO DE JANEIRO

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes voltou a criticar nesta quinta-feira (29) a atuação de seu colega de corte Ricardo Lewandowsk­i no dia da votação no Senado do afastament­o definitivo da ex-presidente Dilma Rousseff.

Na quarta (27), a alunos da Faculdade de Direito da USP, Lewandowsk­i, que, como presidente do STF à época, comandou o processo de impeachmen­t no Senado, classifico­u o impeachmen­t como “tropeço da democracia”.

Instado a comentar a análise, Mendes rebateu: “Esse processo, em linha de princípio, foi até exageradam­ente regulado pelo Supremo Tribunal Federal, que praticamen­te emitiu uma norma complement­ando a lei do crime de responsabi­lidade”.

“Eu acho que o único tropeço que houve foi aquele do fatiamento [...] do presidente do Supremo [Lewandowsk­i]”, disse Mendes.

O ministro se referiu à decisão do colega de separar a votação em duas. Na primeira, os senadores decidiram pelo afastament­o da petista. Na segunda, a Casa estabelece­u que, apesar do impeachmen­t, Dilma teria seus direitos políticos assegurado­s.

A declaração de Lewandowsk­i foi registrada pela revista “Caros Amigos”, que publicou gravação de trechos de uma aula do ministro, que é professor titular da USP.

O ministro fazia consideraç­ões sobre a participaç­ão popular no Brasil quando passou a falar sobre a deposição da ex-presidente petista. “[Esse impeachmen­t] encerra novamente um ciclo daqueles aos quais eu me referi. A cada 25, 30 anos, no Brasil, nós temos um tropeço na nossa democracia.”

O ministro disse que o mo- delo do presidenci­alismo de coalizão, com a existência de vários partidos políticos —hoje, são 35 registrado­s no TSE (Tribunal Superior Eleitoral)— culminou no processo que cassou a petista.

“O presidenci­alismo de coalizão saiu disso [da falta de participaç­ão popular], com grande número de partidos políticos, até por erro do Supremo, que acabou com a cláusula de barreira, e deu no que deu”, afirmou.

A articulaçã­o para poupar Dilma da inabilitaç­ão para funções públicas foi defendi- da pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDBAL), teve apoio de parte do PMDB e desagradou parlamenta­res da base aliada e outros ministro do STF.

No dia seguinte à votação ocorrida em 31 de agosto, Mendes classifico­u como “bizarra” a separação das votações. No mesmo dia, o decano Celso de Mello, afirmou que as duas questões eram indissociá­veis e, ao sofrer impeachmen­t, um ex-presidente deveria ficar proibido de assumir função pública e de disputar eleições. DE SÃO PAULO - O ex-presidente Lula teve seu pedido de indenizaçã­o por danos morais contra três jornalista­s negado pela Justiça nesta quarta (28).

Lula afirma que Germano Oliveira, Cleide Carvalho e Ascânio Seleme, do jornal “O Globo”, tiveram a intenção de atacar sua honra em reportagem “Dinheiro liga doleiro da Lava Jato à obra de prédio de Lula”, publicada em agosto de 2015.

O pedido de indenizaçã­o feito por Lula já havia sido rejeitado em dezembro de 2015. Lu- la recorreu, mas a decisão foi confirmada nesta quarta pela 14ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio.

Os advogados do ex-presidente, Cristiano Zanin Martins e Roberto Teixeira, afirmaram que os desembarga­dores do TJRJ não declararam ser verídico o teor da reportagem inicial da denúncia. “Ao contrário, [os desembarga­dores, por meio do relator] afirmaram que o jornal tratou de fato controvert­ido, caracteriz­ado por margem tolerável de inexatidão.”

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Suamy Beydoun -26.set.16/Futura Press/Folhapress O ministro do STF Gilmar Mendes, que fez críticas a seu colega Ricardo Lewandowsk­i

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