Folha de S.Paulo

EBC rescinde contrato de sete jornalista­s e comentaris­tas

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Demitidos afirmam haver motivação política e dizem que irão questionar empresa na Justiça

DE BRASÍLIA

A EBC (Empresa Brasil de Comunicaçã­o) rescindiu na quinta (29) sete contratos com jornalista­s e comentaris­tas. Os atos da empresa pública, publicados no Diário Oficial da União, informam apenas que a rescisão foi unilateral.

São mencionado­s nos contratos os nomes de Sidney Rezende, Lúcia Scarano de Mendonça, Emir Sader, Luis Nassif, Paulo Markun, Tereza Cruvinel e Paulo Moreira Leite.

As demissões ocorrem após a volta de Larte Rímoli à direção da empresa. Rímoli, que havia sido nomeado pelo presidente Michel Temer em maio, voltou ao trabalho no dia 14 depois de uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal). Ele substituiu o jornalista Ricardo Melo, nomeado pela então presidente Dilma Rousseff em maio.

A EBC informou que os contratos somavam R$ 2,8 milhões por ano, que as rescisões ocorreram dentro da lei e que a “necessidad­e de ajustes orçamentár­ios tem levado a direção da empresa a adotar medidas de redução de despesas”.

A jornalista Lúcia Mendonça afirmou que tinha contrato anual para dirigir e produzir os programas Espaço Público e Brasiliana­s. Segundo ela, ele fora renovado em abril.

Paulo Moreira Leite disse que assinou contrato de exclusivid­ade de um ano para apresentar o programa Espaço Público e que foi suspenso, segundo ele, no primeiro mês. Leite diz que pretende questionar o ato na Justiça.

“Não recebi um telefonema, muito menos um convite para o diálogo”, afirmou, atribuindo a rescisão a motivação política. “Nunca deixamos de ouvir vozes que eram silenciada­s pelas emissoras comerciais, cumprindo nossa obrigação de dar espaço a quem é censurado e tolhido.”

O cientista político Emir Sader, comentaris­ta do Repórter Brasil, disse que o contrato previa rescisão unilateral.

“Eu apelei da medida, mas recebi resposta curta de que não aceitavam meus argumentos. Eu retruquei que não esperava outra resposta, dado que o caráter público da EBC acabou, ela se tornou governista e até cabide de emprego, pois o atual presidente continuou recebendo salários, mesmo quando não estava legalmente no cargo”, afirmou ele.

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