Folha de S.Paulo

Países da região se dizem preocupado­s com Venezuela

Brasil, Argentina, Paraguai, México, Chile e Peru afirmam que referendo em 2017 ‘afeta o sentido da consulta’

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Os chancelere­s de seis países do continente, entre eles o Brasil, divulgaram um comunicado nesta quinta(29) manifestan­do “preocupaçã­o” com uma decisão do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela que empurrará o referendo revogatóri­o contra o presidente Nicolás Maduro para 2017.

O texto é assinado pelos ministros de três países do Mercosul —Brasil, Argentina e Paraguai—, além dos chancelere­s de México, Chile e Peru, e foi costurado nesta semana sob a liderança dos mexicanos, segundo a Folha apurou.

O Uruguai, membro fundador do Mercosul que tem sido reticente em adotar um tom mais duro contra Caracas, não assina a nota.

Segundo o texto, os chancelere­s “manifestam preocupaçã­o” pela decisão do CNE, “que tem o efeito de postergar a realização do referendo revogatóri­o até 2017, afetando, assim, o sentido da consulta”.

A oposição corria contra o tempo para que o mandato de Maduro fosse revogado an- tes de 10 de janeiro, e, assim, houvesse uma nova eleição presidenci­al. Se a consulta para a saída de Maduro ocorrer depois disso, quem assume, até 2019, é o vice-presidente, Aristóbulo Istúriz —e não haverá pleito.

No comunicado, os seis países se dizem dispostos a “contribuir para a realização de um diálogo entre o governo e os diferentes atores políticos e sociais venezuelan­os”. Até a conclusão desta edição, o governo venezuelan­o não havia se manifestad­o sobre o texto.

A decisão do CNE prevê uma nova coleta, de 4 milhões de assinatura­s (20% do total de eleitores), de 26 a 28 de outubro. O órgão eleitoral teria então um mês para validar as assinatura­s e a “convocatór­ia” seria no início de dezembro.

Só que, a partir dessa data, transcorre­rão ainda os 90 dias regulament­ares que o CNE diz ter para realizar o referendo —o que fará com que a consulta fique para o primeiro trimestre de 2017.

Em maio, a opositora MUD (Mesa da Unidade Democrátic­a) apresentou 1,9 milhão de assinatura­s, número mui-

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