Folha de S.Paulo

NA PONTA DO lápis

Chapecoens­e

- EDUARDO RODRIGUES LUIZ COSENZO

DE SÃO PAULO

De quase falida em 2005 a surpresa da Copa Sul-Americana, a Chapecoens­e se reinventou, quase teve que mudar de nome e com um plano de ajuste de contas chegou à elite do futebol brasileiro.

Desde 2014 na Série A do torneio nacional, o time já conseguiu igualar a sua melhor campanha em uma competição internacio­nal. Em 2015, foi eliminado pelo River Plate nas quartas de final da Copa Sul-Americana.

O passado recente da equipe de Chapecó (SC), porém, não foi tão animador quanto o seu presente. Em 2005, por muito pouco o clube não teve sua razão social modificada para evitar a falência devido a uma dívida. Em 2008, não estava em nenhuma divisão do futebol nacional.

Diante do cenário desolador, um grupo de empresário­s da região se uniu para quitar a dívida de R$ 1,5 milhão das gestões passadas.

“Do valor arrecadado, 70% era investido no futebol, enquanto 30% era destinado para pagar as dívidas, que terminaram por completo em 2013”, afirma Sandro Parollo, presidente da Chapecoens­e.

A medida surtiu efeito. Em 2009, o clube participou da Série D do Brasileiro e no mesmo ano garantiu acesso para a terceira divisão. Em 2012 e 2013, conquistou dois acessos consecutiv­os e chegou à divisão de elite do Campeonato Brasileiro.

Na diretoria desde 2008 e presidente desde 2010, Parollo afirma que o sucesso se deve ao modelo de gestão implementa­do no clube.

“O processo começou em 2009, quando estávamos na Série D do Campeonato Brasileiro. A Chapecoens­e não é um clube empresa, mas administra­mos como uma empresa. Gastamos somente o que arrecadamo­s”, diz.

Em um estudo divulgado pelo banco Itaú BBA em junho deste ano, o clube era o menos endividado entre os 20 times da Série A do Brasileiro de 2015. Entre dívidas bancárias, operaciona­is e fiscais, o valor era de R$ 5 milhões. Segundo colocado no Nacional, o Flamengo lidera o ranking negativo, com R$ 546 milhões a pagar.

Com a cota de TV de R$ 28 milhões, modesta se comparada aos R$ 170 milhões do Corinthian­s, o time de Santa Catarina mantém a cautela e não faz grandes loucuras em contrataçõ­es.

“Vamos atrás de atletas que estão esquecidos em seus clubes. Temos dois analistas de desempenho que ajudam na contrataçã­o. Não podemos errar porque não podemos deixar o clube com dívidas”, diz o presidente.

Cléber Santana, 35 anos, é o maior exemplo do que o dirigente diz fazer. Ex-São Paulo e Flamengo, o meia teve uma passagem conturbada pelo Criciúma e chegou em Chapecó no ano passado.

O jogador recebe um dos maiores salários da equipe, que tem um teto de R$ 90 mil e uma folha de pagamentos de R$ 2 milhões.

SANDRO PAROLLO

presidente da Chapecoens­e

Para fechar as contas do mês, o clube conta ainda com R$ 4 milhões anuais de patrocínio da Caixa Econômica Federal para estampar a marca na camisa. O Palmeiras, por exemplo, recebe cerca de R$ 66 milhões em acordo firmado com a Crefisa. CENÁRIO INTERNACIO­NAL Para chegar às quartas da Sul-Americana, a equipe desbancou o maior campeão da Libertador­es, o Independie­nte, da Argentina, que já levantou a taça sete vezes.

Diferentem­ente do rival das oitavas, a Chapecoens­e, fundada em 1973, nunca conseguiu títulos expressivo­s nem revelou grandes jogadores. O máximo que alcançou foram cinco títulos do Campeonato Catarinens­e.

“No futuro, queremos ganhar a Sul-Americana para beliscar uma vaga na Libertador­es. É o caminho mais curto. Pelo G4 do Brasileiro fica muito difícil porque os clubes possuem um investimen­to maior”, analisou Sandro Parollo, que ficou surpreendi­do com a rápida ascensão da agremiação.

“queremos ganhar a Sul-Americana para beliscar uma vaga na Libertador­es. É o caminho mais curto. Pelo G4 do Brasileiro fica muito difícil porque os clubes possuem um investimen­to maior

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Nelson Almeida/AFP Jogadores da Chapecoens­e comemoram classifica­ção às quartas de final da Copa Sul-Americana, na Arena Condá

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