Peças à venda na ArtRio podem ser falsas
Galeria Graphos foi denunciada por outros expositores à direção da feira por suspeita de obras ilegítimas no estande
Dono afirma que possui documentos que atestam a autenticidade das peças, mas decidiu retirá-las de exposição
Um grupo de galeristas da ArtRio e especialistas do mercado de arte denunciaram a Graphos, uma das participantes do evento, à direção da feira, alegando que a casa tinha obras falsas em seu estande.
Intenso, o brilho das obras de Raymundo Colares chamou a atenção de marchands e críticos. Eles diziam que, de tão lustrosas, elas pareciam pintadas há dias, e não na década de 1960.
Também despertou suspeita um “Objeto Ativo” de Willys de Castro. Obra das mais cobiçadas de suas séries, é uma ripa de madeira com um padrão geométrico. Em breve alvo de uma retrospectiva em Londres, o artista se tornou um dos nomes mais fortes no mercado latino-americano nos últimos anos.
Sem dar total certeza, por não ter encontrado a documentação da obra até a conclusão desta edição, a equipe da galeria Raquel Arnaud, que já representou Willys de Castro, disse desconhecer as suspeitas levantadas na feira e que Walter de Castro, irmão do artista, e Tuneu, que foi assistente dele, haviam considerado a peça autêntica.
“Três pessoas que tiveram contato muito intenso com o Willys reconheceram inúmeros detalhes que dão autenticidade”, disse Jeane Gonçalves, da galeria paulistana. “A obra é verdadeira, mas pedimos mais um tempo para elaborar o documento. Talvez tenhamos que voltar atrás no processo e reavaliar.”
Dúvidas também surgiram em relação a peças de Maurício Nogueira Lima, Ubi Bava
RICARDO DUARTE,
dono da Graphos e Antônio Maluf.
Thiago Maluf, filho do artista e diretor do instituto responsável por avaliar a autenticidade das obras, disse ter alertado Ricardo Duarte, dono da Graphos, de que a peça em seu estande podia ser falsa. Mesmo assim, o trabalho estava exposto na abertura da ArtRio.
“Essa obra possui características similares a outras já identificadas como falsas. Eu alertei o galerista, orientando a retirar a peça por uma questão de segurança e submeter para a nossa análise”, diz Maluf. “Ele retornou, enviando apenas uma imagem do quadro, que não foi suficiente. Depois, ele sumiu.” OUTRO LADO em arte moderna, Max Perlingeiro, dono da galeria Pinakotheke Cultural, foi pressionado por especialistas e marchands como Afonso Costa, Gustavo Rebello, James Lisboa, Jones Bergamin, Paulo Kuczinsky, Ronie Mesquita, entre outros, a denunciar a Graphos à direção da feira.
Perlingeiro, que já havia deixado o Píer Mauá, foi chamado às pressas por Brenda Valansi, diretora da feira, para discutir o assunto. A cúpula do evento se reuniu então com Duarte para falar das suspeitas levantadas pelas obras.
“Se houver algum tipo de mácula em relação às obras, a feira não pode endossar isso. Mas pedimos os certificados de autenticidade das peças nevrálgicas, que levantaram o maior número de suspeitas”, disse Perlingeiro.
“é incômoda. Estou retirando as obras e aguardo o veredicto da feira. Vamos tratar de esclarecer a comprovação da autenticidade