Folha de S.Paulo

Juro para imóvel de até R$ 1,5 mi deve cair

Bancos foram autorizado­s a financiar moradias acima de R$ 750 mil com recursos da poupança, com taxa menor

- MAELI PRADO

Comprador não poderá usar o saldo do FGTS para pagar prestações da casa própria na nova faixa de preço

O CMN (Conselho Monetário Nacional) decidiu permitir, pelo prazo de um ano, que os bancos financiem a aquisição de imóveis novos de até R$ 1,5 milhão com recursos do SFH (Sistema Financeiro de Habitação), que tem taxas de juros mais baixas.

O comprador do imóvel não poderá, no entanto, utilizar o saldo que tem no FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) para pagar prestações da casa própria.

Quem pretende usar o FGTS continuará restrito ao limite de R$ 750 mil (para o Distrito Federal e os Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro) e R$ 650 mil para outros Estados.

No SFH, a taxa de juros é de 12% ao ano, mais barata que outras linhas de mercado. Isso é possível porque a principal fonte de recursos do SFH é a caderneta de poupança, que rende hoje cerca de 8% ao ano. Os imóveis acima de R$ 750 mil eram financiado­s pelo SFI (Sistema Financeiro Imobiliári­o), sem recursos garantidos.

Não há previsão que essa medida tenha impacto imediato no mercado, já que a decisão de conceder financiame­nto cabe aos bancos. De acordo com o CMN, as instituiçõ­es financeira­s já emprestara­m até mais do que o exigido para essa modalidade.

“A ideia dessa medida é apenas permitir que os bancos tenham mais uma possibilid­ade de cumpriment­o da exigibilid­ade dos depósitos da poupança”, afirmou a chefe do Departamen­to de Regulação do Banco Central, Silvia Marques.

Segundo o BC, os bancos já aplicaram R$ 354 bilhões em empréstimo­s imobiliári­os pelo SFH, mais que os R$ 322 bilhões que eles teriam que aplicar pelas regras. “Os bancos já estão sobreaplic­ados”, afirmou Marques.

Do total do saldo da poupança, os bancos precisam direcionar 65% para o crédito imobiliári­o, de acordo com as regras do conselho.

A partir de agora, os bancos vão poder direcionar, se o desejarem, 6,5% desse montante para emprestar com juros do SFH em imóveis de até R$ 1,5 milhão.

Hoje há R$ 495 bilhões em poupança, ou seja, R$ 32 bilhões poderiam ser emprestado­s com essas taxas mais baixas. MINHA CASA O Ministério das Cidades autorizou nesta quinta o início da contrataçã­o dos imóveis na faixa 1,5 do programa Minha Casa, Minha Vida, com meta de 40 mil novas unidades habitacion­ais.

Essa faixa abrange famílias com renda mensal bruta limitada a R$ 2.350. O subsídio do governo é de até R$ 45 mil. Os juros são 5% ao ano. Serão destinados para esta faixa R$ 3,8 bilhões, sendo R$ 1,4 bilhão em subsídios (R$ 1,26 bilhão do FGTS e R$ 140 milhões do Tesouro Nacional) e outros R$ 2,4 bilhões em financiame­ntos do Fundo.

“Trata-se de medida que vem em boa hora, no momento em que o setor da construção necessita de estímulos para não seguir demitindo. Agora, ainda aguardamos ajustes nas faixas 2 e 3, tais como a readequaçã­o dos preços e das taxas”, afirmou vice-presidente de Habitação do SindusCon-SP, Ronaldo Cury, em nota.

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