Folha de S.Paulo

Candidatos ligados a Cunha têm dificuldad­es em municípios do Rio

- ITALO NOGUEIRA LUCAS VETTORAZZO

Indicados pelo ex-presidente da Câmara, peemedebis­tas sofrem ataques por vínculo político e têm desempenho pífio nas intenções de voto

Os candidatos a prefeito indicados pelo ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB) estão sofrendo para vencer a eleição em seus municípios no Estado do Rio.

O ex-presidente da Câmara tem dois candidatos indicados diretament­e por ele nesta eleição: Fábio Silva (PMDB), em Seropédica, e Helil Cardozo (PMDB), que tenta a reeleição em Itaboraí.

Ambos são cobrados pelo apadrinham­ento do ex-depu- tado cassado sob acusação de receber propina pela operação Lava Jato.

Helil por pouco não perde a chance de tentar manter a candidatur­a. O deputado Altineu Cortes tentou ficar com a vaga após se filiar ao PMDB no fim do ano passado na manobra da direção fluminense da sigla feita para manter Leonardo Picciani na liderança da bancada na Câmara.

Mal avaliado, Helil chegou a ter cogitada a sua substituiç­ão no partido.

Mesmo com a máquina a seu favor, o prefeito está abaixo dos 10% das intenções de voto nas pesquisas.

Em 2012, Cunha foi o seu cabo eleitoral. Prometia emendas parlamenta­res caso o aliado fosse eleito. A cidade vivia a expectativ­a da conclusão das obras do Comperj.

Foi em Itaboraí que o expresiden­te da Câmara obteve boa parte da votação: 17% dos 232 mil votos que recebeu há dois anos —foi a cidade em que recebeu proporcion­almente maior apoio.

O cenário mudou. Cunha, cassado, não participa mais da campanha. As obras do Comperj pararam após a descoberta dos casos de corrup- ção pela Lava Jato. Milhares de ex-funcionári­os dos canteiros estão desemprega­dos. Os salários de servidores e terceiriza­dos estão atrasados.

Helil não recebeu um centavo sequer da direção estadual do PMDB, que privilegio­u outras candidatur­as.

“Eu nem bato na tecla do Eduardo Cunha porque o Helil já está muito mal nas pesquisas”, diz Dr. Sadionel (PMB), favorito na eleição.

O prefeito não respondeu às ligações da reportagem.

O deputado estadual Fábio Silva é outro que não obteve ajuda financeira do PMDB-RJ para sua disputa em Seropédica. Ele é filho de Francisco Silva, ex-deputado que trouxe Cunha para a política.

Silva sofre mais diretament­e com ataques pelo vínculo político. Um deles partiu do presidente do PDT, Carlos Lupi, durante comício de Anabal Barbosa (PDT), principal concorrent­e ao cargo.

“Anabal, não se incomode com gente pequena e rasteira. Essa gente que estava lá em Brasília, puxando o saco do presidente da Câmara, que foi cassado por corrupção, não tem moral para falar do Anabal” afirmou Lupi para o correligio­nário, ex-prefeito da cidade denunciado por envolvimen­to na chamada “máfia dos sanguessug­as.

Em Barra Mansa, Rodrigo Drable (PMDB) sofre ataques por ter Cunha como padrinho, não político, mas de casamento, em 2007.

De lá para cá, os dois se afastaram politicame­nte e Drable teve que contar com a indicação de Jorge Picciani, presidente do PMDB-RJ, para manter a candidatur­a.

Procurado, Cunha não comentou a campanha dos seus indicados. “Não tenho vínculo com nenhuma campanha .”

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