Folha de S.Paulo

O racha vermelho pode transforma­r esta eleição na primeira da história da capital entre direita e direita

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de que não se ataca oponente que está no terceiro lugar.

Russomanno, o primeiríss­imo, surgia bem mais sólido do que em 2012, ao menos era o que se imaginava até começar a derreter. Com pouco tempo de TV, foi incapaz de desarmar as bombas dos rivais. Perdeu a dianteira.

Se chegar ao segundo turno, será muito mais pela divisão da esquerda entre três candidatos do que exatamente pelo próprio desempenho.

O racha vermelho, por sinal, pode transforma­r esta eleição na primeira da história da capital entre direita e direita. Trata-se de destino curioso para quem começou a campanha escondendo a estrela do PT (Haddad) e para quem disse nunca ter se colocado como uma pessoa de esquerda (Marta). que podia, enquanto João Doria ia passeando livre, leve e solto pelos comerciais de TV, sem resistênci­as.

Suas fragilidad­es foram quase todas deixadas de lado: patrocínio­s públicos discutívei­s, apoio escancarad­o da máquina do Estado, negócios mal explicados, área invadida em Campos do Jordão.

Sob as barbas dos rivais, Doria foi fazendo uma campanha “positiva”, para cima, aquela que ataca pouco os oponentes e vende muito a biografia do candidato. Mesmo quando estava lá atrás, portava-se como se estivesse à frente.

Buscou se distanciar do figurino do político profission­al e evitou brigas com os adversário­s, cenas de pugilato que o eleitor adora ver, mas detesta votar em primeiro lugar numérico da corrida eleitoral.

O curioso é que se João Doria tivesse parado no segundo lugar por um tempo, teria se transforma­do em comida para os leões. Teve a sorte de despontar logo na primeira posição, deixando a guerra pela segunda vaga para os demais. Os inimigos ficaram brigando entre si.

Há quem diga que Doria chegou até aqui como favorito porque, tal qual no futebol, deu o drible da vaca nos outros jogadores —lançou a bola para um lado e correu para o outro.

Resta saber se, de fato, conseguirá pegar a bola depois do passe. Ele sabe que, no segundo turno, não terá a sorte de passar ileso pela campanha adversária. NATUZA NERY

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