Folha de S.Paulo

CENTROS EDUCACIONA­IS DA PERIFERIA, TEMAS DA CAMPANHA EM SP, TÊM DISPUTA DE PATERNIDAD­E E SÃO REPLICADOS EM CIDADES VIZINHAS

- LEANDRO MACHADO RAFAEL BALAGO

O CEU (Centro Educaciona­l Unificado) hoje é uma espécie de modelo em São Paulo: nenhum candidato o critica, todos prometem fazer mais e até brigam pela sua paternidad­e.

Para postulante­s à prefeitura, os CEUs também viraram uma “árvore de Natal”, cada vez mais cheia de pendurical­hos. Há promessas de aulas de dança, moda e beleza, ensino superior, cursos profission­alizantes e até de educação financeira.

O CEU surgiu na gestão petista de Marta Suplicy, hoje candidata à prefeitura pelo PMDB. As atuais 46 unidades têm creche, escolas, universida­de, teatro, cinema, piscina, quadras, salas de ginástica. Por vezes, são os únicos equipament­os de lazer e cultura em áreas pobres.

A marca fez com que cidades da Grande São Paulo, como São Bernardo, copiassem a capital e erguessem equipament­os similares.

Segundo maior município do Estado, Guarulhos já tem dez unidades nos mesmos moldes dos de São Paulo e outras dez em construção.

Eles surgiram em 2009, na gestão de Sebastião Almeida (PT). “É um projeto que deu certo. O CEU aproxima a comunidade da escola. Muita gente de regiões periférica­s tem contato pela primeira vez com o teatro lá”, explica Sandra Soria, diretora pedagógica da secretaria municipal da Educação de Guarulhos.

Em São Bernardo, também sob comando do PT, há cinco unidades. Em Osasco, duas. Sob gestão do PSDB, Cotia também construiu uma. EM CONSENSO Para Jairo Pimentel, cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, os CEUs são um exemplo de projeto que deixou de ser bandeira de um partido e passou a ser consenso entre os candidatos por ser bem visto pela população. “Ninguém vai fazer propostas contra algo que as pessoas querem”, diz.

Quando o primeiro CEU foi inaugurado, em 2003, a oposição à gestão Marta fez críticas ao alto preço —R$ 13 mi- lhões, na época. Gilberto Kassab (PSD), prefeito entre 2006 e 2012, foi um dos críticos. Dizia que, com o dinheiro do CEU, era possível construir dezenas de escolas. Porém, suas duas gestões continuara­m ampliando a rede e entregaram 24 unidades.

Uma das principais críticas a Fernando Haddad (PT), atual prefeito de São Paulo que busca agora a reeleição, está ligada aos CEUs: o petista prometeu construir 20, mas entregou apenas um. Outros oito estão em obras e sua entrega está prevista para o próximo mandato.

Haddad afirma que cortes em verbas do PAC (Plano de Aceleração do Cresciment­o) e dificuldad­es para obter terrenos atrasaram as obras.

O petista implantou uma rede de cinemas nos CEUs e uma universida­de com aulas a distância e semipresen­ciais.

Seus rivais também querem usar os CEUs para novas atividades (veja ao lado). ARTES Em 2012, o Ministério da Cultura lançou o projeto CEU das Artes, que cria espaços com atrações culturais e esportivas em cidades menores e em bairros da periferia das metrópoles. O programa entregou 124 unidades e tem outras 214 em obras.

Estruturas desse tipo foram inaugurada­s recentemen­te em cidades como Jundiaí, Osasco e Sorocaba.

“O custo de construção de um CEU da educação é muito alto. Optamos por usar o dinheiro para fazer mais creches”, diz Jorge Lapas (PDT), prefeito de Osasco.

Lapas, que deixou o PT no meio do mandato, disputa a reeleição e promete fazer mais dois CEUs das Artes.

SANDRA SORIA

diretora pedagógica da Secretaria Municipal de Educação de Guarulhos

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CEU Jambeiro, em Guaianases, zona leste de São Paulo

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