Folha de S.Paulo

Moraes participar­á no STF de julgamento­s sensíveis

Nome do ministro foi aprovado para vaga na Corte por 55 senadores a 13

- LETÍCIA CASADO

Entre os assuntos de que tratará estão o foro privilegia­do e o tempo de prisões preventiva­s; ele herdará 7 mil ações

Nomeado pelo presidente Michel Temer nesta quartafeir­a (22) como novo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes vai participar de julgamento­s de temas sensíveis, como restrição ao foro privilegia­do e tempo de prisões preventiva­s.

A nomeação foi publicada no Diário Oficial da União poucas horas depois de o Senado aprovar o nome de Moraes, nesta quarta-feira, por 55 votos a favor e 13 contra. No mesmo dia, o novo ministro foi ao STF, que confirmou sua posse para 22 de março.

Moraes vai assumir o acervo de mais de 7.000 processos do ministro Teori Zavascki, morto em 19 de janeiro em acidente aéreo.

Entre os processos estão a relatoria de assuntos importante­s de cunho social, como a descrimina­lização das drogas e a obrigatori­edade de o poder público fornecer medicament­os de alto custo.

No caso da constituci­onalidade da criminaliz­ação do porte de drogas para uso próprio, Teori pediu vista em setembro de 2015. O processo decidirá se portar drogas para consumo pessoal deixará ou não de ser crime no país.

Na terça (21), durante as quase 11 horas de sabatina na CCJ (Comissão de Constituiç­ão e Justiça) do Senado, Moraes deu indicações sobre como pode atuar em algumas questões que estão no STF.

Ele indicou ser contra a restrição do foro privilegia­do. Na semana passada, o ministro Luís Roberto Barroso liberou uma ação para o plenário do STF para discutir a redução do alcance da prerrogati­va de foro de deputados, senadores e ministros. A ação ainda não foi pautada pela presidente Cármen Lúcia.

Sobre o assunto, ele afirmou que, na época do julgamento do mensalão, a grande maioria das pessoas era contrária a mandar partes do processo para instâncias inferiores. “Diziam que retirar do Supremo quem não tinha foro levaria à impunidade. Hoje, a situação se inverteu. Isso mostra que talvez o problema não seja o foro ou não foro, mas o tamanho e a estrutura [do tribunal], se a estrutura dá vazão ou não.”

O ministro também defendeu a adoção de um tempo máximo para prisões preventiva­s, outro assunto que pode acabar sendo discutido no Supremo. Recentemen­te, o ministro Gilmar Mendes disse que a corte tem “um encontro marcado com as alongadas prisões que se determinam em Curitiba”. Os colegas Marco Aurélio e Celso de Mello também deram declaraçõe­s neste sentido.

Moraes afirmou ser contrário a três das dez medidas do pacote anticorrup­ção que tramita no Congresso, mas defendeu a aprovação em conjunto das propostas. O pacote é outra questão que deve passar pela Corte.

Moraes disse também que não há inconstitu­cionalidad­e nas prisões após condenação em segunda instância. Sua posição vai em linha com a da maioria dos ministros do STF, que já julgaram o caso. LAVA JATO participar dos processos que forem ao plenário —casos relativos aos presidente­s de poderes (República, Senado e Câmara) e eventuais recursos que forem levados pelo relator Edson Fachin ao plenário.

Os outros políticos investigad­os na Lava Jato serão julgados na Segunda Turma do STF, composta por cinco ministros e da qual Moraes não fará parte.

Moraes era filiado ao PSDB. Na sabatina, foi questionad­o sobre sua relação com o partido, que tem lideranças como o ministro de Relações Exteriores José Serra e o senador Aécio Neves (MG) acusados de receber propina.

Ele disse que se julga “absolutame­nte capaz de atuar com absoluta imparciali­dade e neutralida­de dentro do que determina a Constituiç­ão” os casos da Lava Jato.

O novo ministro será o revisor da Lava Jato nas ações penais julgadas pelo plenário. O regimento interno do Supremo determina que “será revisor o ministro que se seguir ao relator na ordem decrescent­e de antiguidad­e”.

Fachin é o ministro mais recente no STF —ele entrou em junho de 2015—, seguido por Alexandre de Moraes.

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Valdenio Vieira/Presidênci­a Temer e Alexandre de Moraes, nomeado para o Supremo

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