Folha de S.Paulo

Governo muda repasse de créditos da Nota Fiscal Paulista

Haverá critérios diferentes para devolução de imposto, conforme a atividade econômica do estabeleci­mento

- FILIPE OLIVEIRA

O governo de São Paulo vai modificar as regras para repasse de créditos do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadoria­s e Serviços) que é devolvido aos contribuin­tes pelo programa da Nota Fiscal Paulista.

Os repasses são atualmente de 20% do imposto recolhido por cada estabeleci­mento. As novas regras preveem que eles sejam feitos em cinco faixas, de zero, 5%, 10%, 20% e 30%.

Os diferentes tipos de estabeleci­mento serão distribuíd­os entre as faixas de acordo com sua Cnae (Classifica­ção Nacional de Atividades Econômicas).

Comércios de livros ou de jornais, açougues e peixarias terão devolução de ICMS maior, de 30%.

O governo zerou a devolução de ICMS de produtos cujo consumo deseja desestimul­ar, como cigarros, fogos de artifícios e armas e munições.

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) deve divulgar qual será a distribuiç­ão dos outros tipos de estabeleci­mentos comerciais dentro das faixas de devolução de créditos na primeira quinzena de março.

Carlos Ruggieri, coordenado­r do programa da Nota Fiscal Paulista na Secretaria da Fazenda, afirma que a definição levará em conta o nível de cumpriment­o das obrigações fiscais em cada setor.

Setores como supermerca­dos e restaurant­es, nos quais os consumidor­es já estão acostumado­s a pedir nota e onde, portanto, o programa já teria cumprido seu papel, tendem a ficar nas faixas com menor devolução, de acordo com Ruggieri.

Já os segmentos que ainda demonstram pagar menos imposto do que o devido tendem a ficar nas faixas de maior devolução, diz.

O coordenado­r do programa afirma que, conforme a fiscalizaç­ão e o cumpriment­o das normas evoluiu, a participaç­ão do programa no aumento da arrecadaçã­o diminuiu. As mudanças serviriam para aumentar os ganhos do Estado com o programa, priorizand­o segmentos em que ele é mais necessário.

As novas faixas farão parte de um pacote de medidas do governo para atualizar o programa, que completa dez anos de existência em 2017.

Boa parte delas será para combater fraudes, em especial as relacionad­as à doação de recursos para instituiçõ­es filantrópi­cas.

Ruggieri afirma que, com o passar dos anos, proliferar­am esquemas fraudulent­os, em geral ligados ao uso indevido da possibilid­ade de doar notas fiscais a entidades filantrópi­cas.

Ele cita casos de pessoas que acumulavam notas de terceiros sem CPFs cadastrado­s e doavam à entidades filantrópi­cas mediante altas comissões e de furtos de urnas mantidas por varejistas para receber doações de notas fiscais.

Segundo a Secretaria da Fazenda, 70% das 4.000 instituiçõ­es participan­tes do programa, ainda que atuem de forma séria, adquirem créditos de forma irregular. REDUÇÕES A mudança nos repasses acontece um ano e meio depois de o governo diminuir o percentual de ICMS devolvido pela Nota Fiscal Paulista de 30% para 20%, em julho de 2015.

A redução, somada aos efeitos da crise econômica, levou a uma diminuição de 16% no imposto devolvido aos contribuin­tes em outubro de 2016, quando foram liberados R$ 679 milhões em créditos, incluindo valores destinados a entidades beneficent­es.

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