Com dívida de R$ 7,8 bi, PDG pede recuperação judicial
Após sucessivos prejuízos, incorporadora, uma das maiores do país, tenta plano para escapar da falência
Uma das maiores incorporadoras do país, a PDG protocolou nesta quarta (22) na Justiça de São Paulo um pedido de proteção contra dívidas de cerca de R$ 7,8 bilhões.
Endividada e com sucessivos prejuízos, a empresa vinha tentando renegociar dívidas com bancos, sem sucesso. O pedido de recuperação judicial foi a forma encontrada para tentar salvar a PDG da falência. Ele inclui a incorporadora e mais de 500 “sociedades de propósito específico”, empresas criadas para gerir os empreendimentos erguidos sob a marca PDG.
Caso o pleito seja aceito pela Justiça, a companhia terá dois meses para elaborar um plano de reestruturação e apresentá-lo aos credores.
A ideia é que nada mude para quem comprou um imóvel da PDG e ainda aguarda sua entrega. O plano é que a incorporadora termine os empreendimentos cujas obras estão avançadas —a maioria dos cerca de 30 em andamento— e busque interessados em assumir os projetos que ainda estão em fase inicial.
A recuperação judicial muda, porém, a situação daqueles que cancelaram contratos de compra, como os distratos, e tentam receber da PDG reembolso pelo valor pago. Esses clientes terão de se sub- meter ao plano de recuperação judicial. Isso quer dizer que entrarão para a lista de credores e estarão sujeitos a descontos e a pagamentos parcelados —a depender das condições que forem aprovadas no plano. PODER A maior parte do que a PDG deve na praça está nas mãos de Banco do Brasil, Caixa, Bradesco e Itaú. Serão eles, portanto, a ditar os rumos da incorporadora. Pela lei, o plano de recuperação tem de ser aprovado pela maioria dos detentores da dívida.
As negociações tendem a ser duras. A empresa insistirá num corte no valor devido e num prazo de carência para o início dos pagamentos.
Além disso, o plano deve envolver o pedido de dinheiro novo para a PDG, que tem pouco dinheiro em caixa e obras a concluir.
Desde o ano passado, a PDG está sob o comando da RK Partners, de Ricardo K, especialista em reestruturação que já atuou em casos como o da OGX, de Eike Batista. EX-LÍDER A PDG nasceu em 2003 como uma área do banco Pactual, hoje BTG Pactual. Virou uma empresa independente e lançou ações em 2007.
Tornou-se uma gigante do setor depois de, num espaço de poucos anos, promover aquisições em série de rivais.
Com a compra de construtoras como Goldfarb, CHL e Agre, e um plano agressivo de lançamentos, a PDG assumiu a liderança do mercado em 2010, tornando-se a maior incorporadora do setor.
No auge, chegou a valer mais de R$ 10 bilhões na Bolsa —hoje vale pouco mais de R$ 140 milhões.
Problemas de gestão, como estouro de custos e de prazos de entrega, e a crise econômica minaram os resultados da PDG, que passou a encolher.
Em 2012, a empresa tinha 11 mil funcionários e 330 projetos em andamento. No fim de 2016, eram mil empregados e 30 empreendimentos.
No ano passado, foram quase R$ 1 bilhão em distratos (desistências), considerando o resultado até setembro, o último disponível.
Com isso, as vendas líquidas ficaram em apenas R$ 170 milhões, 64% abaixo do registrado no mesmo período do ano anterior. E o prejuízo acumulado no ano bateu R$ 2,9 bilhões. RECEITA LÍQUIDA R$ 175,4 bi PREJUÍZO R$ 2,9 bilhões FUNCIONÁRIOS 1.019 PRINCIPAIS CONCORRENTES Cyrela, Rossi, Gafisa