Viagem até o sistema Trappist-1 duraria cerca de 700 mil anos
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A distância até o sistema Trappist-1 é uma ninharia do ponto de vista astronômico —o que são 40 anos-luz numa galáxia com mais de 100 mil anos-luz de diâmetro?
Mas é bom não manter grandes esperanças de que a humanidade possa um dia visitar esses mundos. Perto de nossas escalas usuais de medida, mesmo um único anoluz é uma distância imensa. Definido como a distância que a luz atravessa no vácuo em um ano, ele equivale mais ou menos a 9,5 trilhões de km.
A Voyager-1, sonda mais distante já construída pelo homem, lançada em 1977, está a meras horas-luz daqui. E a tecnologia de foguetes, ao menos em termos de velocidade, não evoluiu muito de lá para cá.
Seguindo no passinho da Voyager, ir até Trappist-1 é em essência impossível. Ou, no mínimo, extremamente moroso. O tempo de viagem seria de cerca de 700 mil anos. PRAZER EM CONHECER Talvez tecnologias mais sofisticadas possam ser desenvolvidas no futuro para cobrir essas distâncias, mas definitivamente não é para já.
Mesmo os projetos mais arrojados voltados para a criação de missões interestelares, como o projeto Starshot, anunciado no ano passado, estão focados em ir apenas até o sistema estelar mais próximo, Alfa Centauri —dez vezes mais perto que Trappist-1.
Isso pode soar frustrante. Mas aí é questão de olhar o copo meio cheio ou meio vazio. Muito mais frustrante foram os últimos quatro séculos, em que pensadores e cientistas apenas especulavam sobre planetas fora do Sistema Solar, sem sequer saber se eles existiam ou não.
Há muito que se pode aprender sobre os exoplanetas sem sair de casa. Graças a todas as suas peculiaridades, o Trappist-1 já é um dos sistemas mais bem caracterizados que temos em nossos catálogos. Por conta de seus padrões orbitais, os cientistas conseguiram identificar não só o diâmetro dos planetas, mas também uma estimativa de suas massas.
Com massa e volume, temos a densidade e já podemos especular sobre sua composição básica. Com a evolução dos telescópios, investigaremos as atmosferas, quem sabe até possamos detectar vida. E há quem já fale de tecnologias futuristas —mas ao nosso alcance— para fotografar esses mundos, quem sabe até mapeando seus oceanos e continentes, se existirem.
Uma viagem até Trappist-1 no momento é carta fora do baralho. Mas nada nos impede de irmos aprimorando cada vez mais os cartões postais que vêm de lá. (SN)