No primeiro contato com a reportagem, em outubro de 2016, o Ministério do Esporte afirmou que os valores gastos
Mais de seis meses depois da abertura dos Jogos Olímpicos do Rio-2016, o governo federal diz ainda não saber quanto gastou para fazer a segurança do evento.
O Ministério da Justiça convocou nos dias anteriores ao megaevento esportivo centenas de soldados da Força Nacional em caráter de urgência, pagando deslocamento e diárias para os recrutados.
A pasta ainda teve de arcar com custos de compra de colchões e camas para comportar o reforço na segurança.
Questionado em três oportunidades diferentes após a realização dos Jogos sobre os valores gastos, o governo disse não ter resposta.
As perguntas foram enviadas em outubro e novembro de 2016 e em fevereiro deste ano. Estimativa feita pela Folha na época da Olimpíada calculava que os gastos extras com segurança poderiam passar de R$ 30 milhões.
A menos de uma semana da abertura dos Jogos, o Ministério da Justiça anunciou o rompimento de contrato com a empresa que havia sido contratada para cuidar da segurança do evento.
A Artel Recursos Humanos participou do pregão e foi a escolhida, em um contrato de cerca de R$ 17,3 milhões, para fazer a segurança na entrada das instalações olímpicas.
A companhia nunca havia atuado em grandes eventos e não conseguiu, segundo o governo, recrutar pessoas a tempo. Diante do impasse, foi anunciado que a Força Nacional assumiria o trabalho da empresa. Policiais militares inativos foram recrutados para ajudar na Olimpíada.
O ministro licenciado Alexandre de Moraes, indicado para o STF (Supremo Tribunal Federal), foi quem comandou todas as negociações e quem divulgou a posição do governo à época.
Por causa do imbróglio, houve problemas na entrada do Parque Olímpico, especialmente no primeiro dia do evento, por falta de efetivo. PAGAMENTOS Cada um dos recrutados recebeu diária de R$ 560,50 até o dia 22 de agosto —os funcionários da Artel receberiam R$ 26 por dia. Moraes disse na época que o gasto não passaria de R$ 20 milhões.
A Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos (Sesge), ligada ao Ministério da Justiça, disse que o único valor pago a Artel, de R$ 122 mil, foi “relati- vo ao cumprimento da primeira meta contratual, qual seja, o treinamento operacional por plataforma de ensino a distância dos funcionários a serem empregados nas instalações olímpicas, tendo sido suspensos os demais pagamentos previstos”.
A Sesge também afirmou que existe um processo de apuração em andamento que pode levar a aplicação de mais penalidades à empresa.