Folha de S.Paulo

Em Belo Horizonte, maior fábrica de filmes solares do mundo quer populariza­r painéis mais leves e flexíveis

- CAROLINA LINHARES

Vislumbran­do um futuro no qual a produção de energia solar não esteja restrita a painéis de silício em telhados, a Sunew, empresa com sede em Belo Horizonte, criou a maior fábrica de filmes fotovoltai­cos do mundo.

O chamado OPV (Organic PhotoVolta­ic) é a terceira geração de painéis solares, feitos a partir de uma tinta orgânica capaz de transforma­r a luz do sol em elétrons.

O produto final é semelhante a um filme fotográfic­o: fino, leve, flexível e semitransp­arente. Pode ser colado no teto de pontos de ônibus, carros, galpões metálicos, tendas de estacionam­ento e até no guarda-sol.

“Para a energia solar realmente fazer parte da nossa vida e estar em todos os lugares, ela precisa ser mais facilmente integrada. Não pode ser algo para ficar só no telhado das casas”, diz Marcos Maciel, CEO da Sunew.

A empresa quer criar um mercado a partir da versatilid­ade do OPV em incorporar­se à arquitetur­a das cidades. Enquanto o metro quadrado do painel de silício pesa até 25 kg e exige uma estrutura para suportá-lo, o OPV tem meio quilo. Para carregar o celular, por exemplo, são ne- cessários 30 cm² do filme.

Em março, na zona norte de São Paulo, um prédio comercial entra em operação com fachadas revestidas pelo OPV. São 100 m² de painéis, inclusive formando o logotipo da firma. Outras parcerias estão em andamento.

A Sunew é capaz de produzir 400 mil metros quadrados de OPV por ano, em diferentes cores e formatos. O preço do m² chega a R$ 1.000 —40% mais caro que o silício. “Com maior volume de produção, vai ser a tecnologia mais barata”, afirma Maciel.

Segundo ele, o gasto de energia para a produção do OPV é um décimo do empregado na do painel do silício. PESQUISA zir e comerciali­zar o OPV a partir de pesquisa realizada pela CSEM Brasil, um centro de inovação fundado em 2007 que, apesar da marca suíça (Centro Suíço de Eletrônica e Microtécni­ca), tem capital 100% brasileiro.

Os recursos vieram do governo de Minas, por meio da Fapemig, e do BNDES, além de investimen­tos privados como o fundo Fir Capital, Votorantim e Fiat.

O trunfo da Sunew foi conseguir um processo de impressão dos painéis mais avançado e mais barato, modificand­o máquinas e tintas importadas. O método é impressão rolo a rolo, semelhante à indústria têxtil.

Enquanto o rolo de plástico percorre a máquina de impressão, a tinta é despejada. Para funcionar bem, a substância precisa ser aplicada uniformeme­nte e em uma espessura que é específica —mil vezes mais fina do que um fio de cabelo.

A tinta, no entanto, é só a terceira camada a ser impressa. São cinco no total, necessária­s para melhorar o fluxo de elétrons. Por fim, o filme é revestido com plástico, que garante ao painel sua vida útil: cerca de três anos numa capa de celular e sem data de expiração na fachada —conserva o tempo que durar o vidro do revestimen­to.

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