Hollywood e humorísticos focam suas críticas contra presidente
Oscar teve vários momentos anti-Trump; ‘Saturday Night Live’ atinge maior audiência em 6 anos
Ataques constantes, porém, podem ter efeito limitado sobre parcela de americanos que não é refratária a bilionário
De celular na mão, o apresentador do Oscar, Jimmy Kimmel, se disse preocupado por Donald Trump estar há muito tempo sem tuitar e escreveu ao presidente em meio à cerimônia, na noite de domingo (26): “hey, @realdonaldtrump, está acordado?”
Não foi a primeira alfinetada que Trump recebeu na noite de domingo, nem a última. “Isso está sendo visto por milhões de americanos e, em todo o mundo, por mais de 225 países que agora nos odeiam”, disse Kimmel, que também se disse “feliz” pelos agentes de imigração terem deixado a atriz francesa Isabelle Huppert entrar no país.
O diretor iraniano Asghar Farhadi, de “O Apartamento” —premiado melhor filme de língua estrangeira—, chamou de “desumano” o decreto anti-imigração de Trump, que deixou de vigorar após uma liminar contrária ao veto.
O discurso de Farhadi foi lido por uma engenheira de origem iraniana, já que o cineasta não foi à premiação em protesto pela decisão, agora suspensa, de barrar cidadãos de seu país.
A expectativa já era que essa cerimônia do Oscar fosse a mais politizada dos últimos anos, já que Hollywood e a maioria da classe artística americana se tornaram um importante antagonista do governo Trump.
O Globo de Ouro, em janeiro, já antecipara o clima, com destaque para o discurso de Meryl Streep, no qual disse, sem citar o nome do presidente, que se ele “chutasse” os estrangeiros para fora do país “não teria nada para assistir”. Em resposta, Trump disse que a atriz é “superestimada” e “lacaia de Hillary”.
Na Marcha das Mulheres, no dia seguinte à posse de Trump, várias atrizes, como Scarlett Johansson e Natalie Portman, fizeram duros discursos contra o presidente. HUMOR Desde que Trump assumiu, a política também se tornou o carro-chefe do programa humorístico “Saturday Night Live” (SNL), da NBC, com os esquetes de Alec Baldwin imitando o presidente e de Melissa McCarthy, o porta-voz Sean Spicer, sendo aguardados a cada semana pelos críticos do republicano.
O programa atingiu, em fevereiro, sua maior audiência em seis anos. “Entendo a necessidade de folgas, mas esse show se tornou essencial diante da atual situação do nosso país. Vocês precisam segurar a barra antes do verão [no Hemisfério Norte] e tentar adicionar mais alguns episódios. Tempos desesperadores…”, escreveu o internauta John Braisted no post em que o SNL anunciava que teria um fim de semana sem programa ao vivo.
O sucesso feito pela interpretação dos trejeitos de Trump e Spicer por Baldwin e McCarthy não foi, obviamente, bem recebido pelo presidente. “NBCNews é ruim, mas o Saturday Night Live é o pior da NBC. Sem graça, elenco terrível, sempre com ataques deliberados. Péssima TV”, disse o mandatário nas redes sociais.
Na opinião do ex-produtor do SNL Dean Obeidallah, é “claro” que o programa sozinho “não consegue minar a credibilidade de um governo, mas pode ter o seu papel”.
“Em um período em que as pesquisas mostram a falta de confiança na mídia convencional, talvez seja a hora de o SNL e os comediantes se tornarem a voz da razão”, escreveu à CNN.
O impacto do SNL e de premiações politizadas sobre os que não são críticos de Trump, contudo, pode ser limitado. E, em alguns casos, gerar também um movimento contrário, de boicote.
Uma pesquisa do National Research Group, sob encomenda do “The Hollywood Reporter”, mostrou que 68% dos eleitores de Trump mudam o canal ou desligam a TV quando começam os discursos políticos nas premiações.
Para Jim Rutenberg, colunista do “New York Times”, é preciso se perguntar a quem os atores falam “com sua oratória política em meio a uma orgia de autocelebração e alta costura, com algumas [roupas] custando tanto quanto a renda média de uma família americana”.
Nas redes sociais, um grupo de republicanos conclamava os eleitores, antes do Oscar, a boicotar “as pessoas amargas da indústria do entretenimento”. Do lado de fora do Dolby Theatre, em Los Angeles, um pequeno grupo de manifestantes levantou faixas com dizeres como “as celebridades não falam por nós” e “Hollywood, não nos divida”. (ISABEL FLECK)
A agência de inteligência da Coreia do Sul afirma que quatro dos oito norte-coreanos suspeitos de ligação com a morte de Kim Jong-nam são funcionários do regime comunista, informaram nesta segunda-feira (27) legisladores do país vizinho.
O primogênito de Kim Jong-il (1942-2011) e meio-irmão do atual ditador, Kim Jong-un, morreu em 13 de fevereiro depois de ser atacado no aeroporto de Kuala Lumpur, na Malásia, com gás VX, uma arma química de destruição em massa.
Até o momento, a polícia malasiana prendeu um deles. As forças de segurança consideram que os demais tenham fugido do país ou estejam escondidos na embaixada em Kuala Lumpur, que tem imunidade diplomática.
Segundo o deputado Lee Cheol-woo, os agentes de inteligência sul-coreanos consideram que quatro suspeitos são do Ministério de Segurança e dois da Chancelaria. Isso faz com que a morte seja considerada terrorismo de Estado, em sua opinião.
Outro legislador que participou da mesma reunião, Kim Byung-kee disse que os norte-coreanos se dividiram em três equipes: duas recrutaram no Vietnã e na Indonésia as duas mulheres que atacaram Kim Jong-nam na Malásia.
O terceiro time era para apoio em Kuala Lumpur. Deste participariam o diplomata Hyon Kwan-Song, da embaixada na capital malasiana, Kim Uk-il, funcionário da companhia aérea Air Koryo, e Ri Jong-chol, o único preso.
No domingo (26), o Ministério da Saúde da Malásia afirmou que Kim Jong-nam morreu, no máximo, 20 minutos depois de ter sido atacado com o gás VX. Ele estava no aeroporto para pegar um voo para Macau, onde morava com a família.
As duas agressoras —a indonésia Siti Aisyah e a vietnamita Doan Thi Huong— estão presas e disseram à polícia que acreditavam estar participando de uma pegadinha de televisão.
A Coreia do Norte ainda não comentou sobre as acusações de uso de gás VX. Na quinta (23), o país comunista acusou a Malásia de conspirar com os sul-coreanos e de fazer uma investigação politizada do assassinato.
Também exigiram que o corpo fosse levado a Pyongyang para a autópsia, embora não tenham reconhecido se tratar do irmão do ditador.