Folha de S.Paulo

Reforma movimenta fundo de servidores

São Paulo e a União querem administra­r aposentado­rias do funcionali­smo de outros Estados e de municípios

- MARIANA CARNEIRO

Presidente do fundo de SP negocia com cidades do interior e Rondônia e pretende ser maior do que a Previ, do BB

A reforma da Previdênci­a vai abrir um novo mercado de administra­ção das aposentado­rias de servidores públicos, e Estados e União se mexem para controlar esses recursos.

Se aprovada da forma como propõe o governo, a reforma vai impor aos novos funcionári­os públicos de Estados e municípios um limite de aposentado­ria semelhante ao do setor privado (hoje de R$ 5.531,31). Quem ganha mais que isso e quiser aumentar a renda na velhice terá que aderir a planos complement­ares.

Em São Paulo, a regra vale desde 2013 e a SPPrevcom já administra a aposentado­ria de 19,6 mil servidores, cuja poupança soma R$ 630 milhões. No governo federal, em vigor desde o mesmo ano, o fundo dos servidores do Executivo e do Legislativ­o administra a aposentado­ria de 37 mil participan­tes, um patrimônio de R$ 450 milhões.

Esses recursos são aplicados em títulos públicos, ações de empresas e, quando engordarem, irrigarão obras e projetos de infraestru­tura, o que dará poder econômico aos gestores desses recursos.

Tanto o fundo de São Paulo quanto o federal se mexem para administra­r as aposentado­rias de servidores de outros Estados e de municípios, que serão obrigados (hoje é facultativ­o) a aplicar o teto para os novos funcionári­os e criar fundos de previdênci­a complement­ar.

Egresso da Petros (fundo de pensão dos funcionári­os da Petrobras, de onde saiu em 2003), Carlos Henrique Flory, presidente da SPPrevcom, prevê que em 20 anos o fundo de São Paulo seja maior do que a Previ (poderoso fundo de pensão dos funcionári­os do Banco do Brasil, uma das controlado­ras da Vale).

Isso porque todos os novos servidores têm que aderir ao SPPrevcom para se aposentar com benefício superior ao teto. São Paulo tem 650 mil funcionári­os públicos, com idade média de 48 anos.

“A capacidade de capitaliza­ção dos fundos dos servidores é brutal. Eles são hoje o que eram os das estatais nos anos 1970”, diz o executivo.

Flory diz que o tamanho do potencial desses fundos ainda não foi calculado. Depende do número de servidores que cada cidade, Estado e governo federal ganham mais do que o teto do INSS e quantos vão querer ganhar o mesmo

No fim do ano, começou a tramitar na Câmara projeto de lei que autoriza o fundo do governo federal (Funpresp) a administra­r recursos de Estados e municípios.

O relator Daniel Vilela (PMDB-GO) afirma que a iniciativa nasceu no Ministério do Planejamen­to, que entende que municípios não terão condições de administra­r a previdênci­a complement­ar de seus servidores.

O Piauí aprovou, no fim do ano, a criação de seu fundo de previdênci­a. Mas ele ainda não começou a operar.

Segundo o secretário de Administra­ção, Francisco José Alves, o Estado queria aderir ao fundo federal, mas sem a lei não é possível.

Segundo ele, os governador­es chegaram a sugerir a criação de um fundo federativo que seria administra­do pela Caixa, mas a ideia não prosperou em Brasília.

“O volume de recursos para administra­r não compensa. Estamos buscando parcerias com municípios e Estados para criar um consórcio de gestão compartilh­ada”, afirma o secretário.

Ele diz, porém, que preferiria uma saída federal para blindar as aposentado­rias de novas crises estaduais. “Tamanho não tem sido segurança de estabilida­de, veja o Rio e o Rio Grande do Sul. Estamos melhores que eles”.

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Eduardo Anizelli/Folhapress Carlos Henrique Flory, da Fundação de Previdênci­a Complement­ar do Estado de São Paulo

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