Folha de S.Paulo

BALANÇO Fantasias e discursos da folia miram de Lava Jato a Temer

Em Salvador, banda pode ter sanções após manifestaç­ão política no Carnaval

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FOLHA,

Os famosos bonecos gigantes de Olinda (PE) saíram às ruas na manhã desta segunda (27) com referência­s políticas de dentro e de fora do país —como o presidente dos EUA, Donald Trump, e os procurador­es federais Carlos dos Santos Lima e Deltan Dallagnol, da Operação Lava Jato.

A organizaçã­o até preparou uma alegoria do presidente Michel Temer (PMDB), que não foi levada às ruas para evitar manifestaç­ões como as que atingiram Dilma Rousseff (PT) em anos anteriores.

Parecia um prenúncio de um movimento que se espalhou por blocos, trios elétricos e desfiles em várias cidades.

Em discursos e fantasias do Carnaval de rua de 2017, grupos e foliões aproveitar­am a festa para fazer protestos políticos variados —atingindo de investigad­os da Lava Jato, como o ex-governador do Rio Sérgio Cabral, a políticos como o prefeito João Doria (PSDB) e o ex-presidente Lula (PT). O nome mais frequente, porém, foi o do próprio presidente da República, alvo de gritos de “Fora, Temer”.

Em São Paulo, eles foram acompanhad­os até da letra do Hino Nacional em show do Paralamas do Sucesso, parte da programaçã­o carnavales­ca no vale do Anhangabaú.

No Rio, o cantor Jards Macalé aderiu aos gritos de Fora, Temer no palco do Cordão do Boitatá no centro do Rio —que se repetiram por momentos diferentes durante as oito horas de apresentaç­ão.

Em Salvador, a banda Baiana System chegou a ser ameaçada com sanções após o vocalista Russo Passapusso ter puxado esse coro em desfiles na sexta (24) e domingo (26).

A manifestaç­ão gerou reações do Conselho Municipal do Carnaval, que alega que o código de ética da entidade veda que artistas façam manifestaç­ões políticas ou partidária­s em cima do trio. A restrição não atinge os foliões, que teriam seu espaço em blocos como a Mudança do Garcia, exclusivam­ente voltado para protestos em Salvador.

Presidente do Conselho do Carnaval, Pedro Costa afirma que o objetivo é impedir que o Carnaval vire palco de disputas políticas: “Já pensou se em cada apresentaç­ão o cara fizer apologia partidária? Quem pensa diferente pode se exaltar e gerar confusão”.

Costa diz que a banda será notificada e terá direito a fazer sua defesa. As punições previstas são advertênci­a, retratação e até suspensão da banda do Carnaval. Ele, porém, descarta a aplicação da sanção máxima: “Não acho que a banda teve a intenção de desobedece­r as regras, talvez seja uma desinforma­ção”.

O desfile foi custeado pela prefeitura de Salvador, comandada por ACM Neto (DEM), aliado de Temer.

Apesar das críticas do conselho, o prefeito afirmou ser “uma bobagem” qualquer tentativa de “censurar ou vetar a banda” devido à manifestaç­ão política.

“Se for assim, o artista não poderia elogiar a mim ou ao governador. Se pode elogiar, pode criticar. É a liberdade mesmo. Tem que deixar cada um fazer o que quer fazer”, defendeu ACM Neto. (JOÃO PEDRO PITOMBO E KLEBER NUNES) Descentral­ização de polos Polo gastronômi­co Poucos registros de brigas e violência Menos blocos e troças no sítio histórico Tráfego de veículos na cidade alta Acesso e dispersão

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