Folha de S.Paulo

Críticos dizem haver pressão econômica

- DA ENVIADA ESPECIAL A

Conservaci­onistas do Paraná se mobilizara­m para parar a pesquisa com corte de araucárias.

Para eles, as licenças concedidas ao projeto abrem uma pressão econômica sobre os poucos remanescen­tes da mata atlântica no país.

“Os grandes madeireiro­s vão passar o rodo em cima”, diz Clóvis Borges, diretor da SPVS (Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem). Para o Ministério Público do Paraná, o manejo de araucárias é um “retrocesso” legislativ­o.

“Nós temos uma porção ínfima da floresta hoje. Pelo princípio da precaução, devemos mantê-la intocável”, afirma Alexandre Gaio, promotor de Justiça na área do meio ambiente.

Ele e o promotor Antonio Basso Filho destacaram, em ofício enviado ao governo do Paraná, que o Estado apresentou “o mais brusco aumento” no desmatamen­to da mata atlântica no país, segundo relatório da ONG SOS Mata Atlântica: foram quase 2.000 hectares desmatados nos últimos dois anos —e quase 90% da área era de floresta de araucárias.

Para ambientali­stas, há outras formas de estimular pequenos proprietár­ios a preservar as áreas, como o pagamento por serviços ambientais.

Os cientistas da Unicentro e o Instituto Ambiental do Paraná, responsáve­l pelas licenças, dizem que os resultados do projeto são “de longo prazo”, e que não há possibilid­ade de a pesquisa abrir precedente para exploração de áreas.

O objetivo, segundo eles, é desenvolve­r um modelo de manejo a partir dos resultados –e, se eles não se mostrarem viáveis, a ideia será sepultada.

“Ninguém está contra a lei, que inibiu a exploração depredatór­ia. Agora, tem que se estudar como se vai preservar”, diz o professor Afonso Figueiredo Filho.

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