Folha de S.Paulo

Atacante estrangeir­o vira moda entre os times do Brasileiro

Por carência ou negócio, 40% das equipes do país contratam e promovem centroavan­tes vindos do exterior

- EDUARDO RODRIGUES

FUTEBOL

O baixo valor de mercado, os altos salários e a esperança de se valorizar no Brasil para se lançar à Europa fizeram com que atacantes estrangeir­os fossem contratado­s por clubes brasileiro­s.

Das 20 equipes que disputarão a Série A do Brasileiro deste ano, oito têm jogadores de outras nacionalid­ades na posição. São sete sul-americanos (Borja, Pratto, Chavez, Guerrero, Barrios, Ábila e Filigrana), um africano (Joel) e outro turco (Kazin).

A busca por atacantes de área do exterior também ilustra a carência de bons atletas brasileiro­s no setor que atuem no futebol brasileiro.

“Você contrata jogadores comuns uruguaios ou argentinos por US$ 30 mil ou US$ 40 mil [de salário]. O brasileiro pede US$ 120 mil”, afirmou o diretor de futebol do Grêmio, Odorico Roman.

Roman foi o responsáve­l pela negociação do paraguaio Lucas Barrios, 32, que deixou o Palmeiras, onde jogava desde 2015, para defender as cores do clube gaúcho.

Já veterano, Barrios tem pouca perspectiv­a de retornar para o futebol europeu.

No Brasil, contudo, ele tem a oportunida­de de faturar alto. No clube alviverde, os seus vencimento­s eram de aproximada­mente R$ 1 milhão por mês, montante de difícil obtenção na América do Sul.

“Aqui [Brasil] eles têm um outro patamar financeiro. Vivem em condições muito boas”, acrescento­u o diretor.

Diferentem­ente do paraguaio, o colombiano Borja, recentemen­te contratado pelo Palmeiras, vê o país como uma ponte para se transferir para o Velho Continente.

Destaque do Atlético Nacional na conquista da Copa Libertador­es de 2016, ele rejeitou salários milionário­s da China pelo time paulista.

No sábado (25), estreou pela equipe, e com o pé direito. Quinze minutos após entrar, fez o terceiro gol do Palmeiras na goleada por 4 a 1 sobre a Ferroviári­a, pelo Estadual.

“O sul-americano tem vontade de vir para o Brasil para se lançar à Europa. O Brasil se tornou uma plataforma para isso. Eles vêm aqui como um planejamen­to de carreira”, analisou o agente de jogadores Marcelo Robalinho.

Em 2013, a CBF aumentou para cinco o limite de jogadores estrangeir­os por equipe. Antes, o máximo eram três.

Dos nove atacantes estrangeir­os que disputarão o Brasileiro, ao menos cinco são constantem­ente convocados pelas suas seleções.

Guerrero, do Flamengo, é ídolo no time do Peru, da qual é capitão da seleção desde o segundo semestre de 2016.

Outro que ganhou destaque no país após um bom desempenho pelo Atlético-MG foi Lucas Pratto. Contratado pelo São Paulo, que já conta com Chavez, o jogador virou titular da seleção argentina ao deixar Higuaín, da Juventus, no banco de reservas. REFLEXO A falta de bons centroavan­tes tem impactado até no dia a dia da seleção. Em sua segunda passagem, Dunga costumava escalar Ricardo Oliveira, 36, como seu titular.

Assim que assumiu a seleção brasileira, Tite convocou e cacifou Gabriel Jesus, 19, que virou um alento na posição, mas já deixou o país. Porém, nos jogos pelas eliminatór­ias da Copa de 2018 contra Uruguai e Paraguai, respectiva­mente em 23 e 28 de março, a escassez bate à parte.

Tite já sinalizou a possibilid­ade de chamar Firmino, do Liverpool, e Diego Souza, do Sport, que não atua na posição, para substituir Jesus, lesionado —ele só deverá retornar aos gramados em abril.

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